‘Não é sentença de morte’, diz influenciador digital baiano diagnosticado com HIV há quatro anos

 Foto: Reprodução/Redes Sociais

O Dia Mundial de Combate à Aids, celebrado neste domingo (1°), é uma data de reflexão e mobilização global no enfrentamento contra o HIV. O dia destaca a importância da conscientização sobre a doença, prevenção e acesso a tratamentos.

O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) invade e enfraquece o sistema imunológico, que protege o corpo contra doenças. O vírus atinge principalmente os chamados linfócitos T CD4+. Ele modifica o DNA dessas células e se replica.

Após se multiplicar, o HIV destrói os linfócitos e continua a infecção em novas células. Por isso, caso não haja tratamento, ele pode causar a Aids (termo para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, em inglês).

Já pessoas que vivem com HIV/Aids que não estão em tratamento ou possuem carga viral detectável podem transmitir o vírus a outras pessoas.

O influenciador digital baiano Eduardo Santos, de 33 anos, relatou ao g1 que foi diagnosticado com HIV há quatro anos, durante uma testagem rápida, no carnaval de Salvador, em 2020.

“Fui com uma amiga comer acarajé e a gente entrou em um posto. Ela insistiu para a gente fazer e testei positivo. No momento, eu era uma pessoa leiga e foi um baque muito grande. Achei que era uma sentença de morte, que nem na década de 80, mas não é”, contou.

Eduardo disse que, assim que soube do diagnóstico, reuniu os familiares, contou para todos e foi acolhido. Os amigos dele demoraram um pouco para entender o que estava acontecendo, mas teve abertura para explicar e hoje recebe apoio deles.

O baiano também falou que, atualmente, não sente dificuldades para se relacionar sexualmente com outras pessoas, mas já sofreu preconceito e “olhares atravessados”.

“Para mim é muito tranquilo, mas até hoje ainda sofro sorofobia e esse preconceito velado. Já aconteceu várias vezes de eu estar em alguma balada e falarem que não iriam ficar comigo porque eu tenho HIV”.

O influenciador digital contou que vive bem com o vírus e “se sente melhor do que uma pessoa que não é infectada pelo HIV”. “Eu faço o tratamento e consigo viver saudável. Com a evolução do SUS e da medicina, conseguimos viver mais leve e de uma forma que não seja uma sentença de morte”.

“Eu sempre digo que o que mais mata no Brasil não é o HIV, mas, sim, a desinformação. Se tiverem campanhas, que elas possam chegar para agregar. Todos que convivemos com o vírus não devemos desistir do tratamento. O importante é viver saudável e seguir nosso caminho”, afirmou.

Dados da Bahia

Na Bahia, entre os anos de 2014 e 2023, foram notificados 24.835 casos de HIV e 11.774 casos de Aids, segundo dados divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). O estado tem registrado um aumento na taxa de detecção de HIV, o que indica uma ampliação da procura por exames e o diagnóstico precoce da infecção.

Ao mesmo tempo, observa-se uma queda nas notificações de Aids, o que pode ser um reflexo das políticas públicas que garantem o tratamento contínuo para todas as pessoas que vivem com HIV, além de testes rápidos disponíveis em unidades de saúde da Atenção Básica.

Entretanto, a pandemia de COVID-19, que afetou a realização de exames e o acesso a serviços de saúde, gerou uma queda nas notificações de casos em 2020. Desde 2021, o número de notificações voltou a crescer, o que demonstra a retomada das atividades de prevenção e diagnóstico.

Segundo a Sesab, há a predominância do sexo biológico masculino nos casos de infecção pelo HIV e Aids no estado. Os dados também indicam que a maior concentração dos casos de HIV na Bahia, no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2023, ocorreu no grupo etário com idade entre 20 a 34 anos.

Já nos casos de Aids, foi analisado que a faixa etária de 35 a 49 anos é a mais atingida, já que, conforme a pasta, o diagnóstico acontece no processo da doença.

Em relação à raça/cor, foi realizada uma análise dos últimos 10 anos, de 2014 a 2023, agrupando os casos de infecção pelo HIV e Aids. A distribuição mostra aproximadamente:

  • 52,2% dos casos em pessoas pardas, representando mais da metade das ocorrências;
  • 23,5% dos casos em pessoas pretas;
  • 9,7% dos casos em brancas, sendo que 13,5% das notificações expressam pessoas diagnosticadas com HIV/Aids que não foram classificadas quanto a variável raça/cor.

De acordo com Eleuzina Falcão, coordenadora de Doenças e Agravos Transmissíveis da Sesab, os medicamentos para controlar o HIV são os antirretrovirais (ARV), que utilizados corretamente evitam o desenvolvimento da Aids.

“O diagnóstico precoce caracteriza o tratamento oportuno, o que impede o avanço da doença, permitindo melhor qualidade de vida e aumento da longevidade às pessoas que vivem com o HIV. Pessoas vivendo com HIV/Aids em tratamento com antirretroviral e mantendo carga viral indetectável há pelo menos seis meses não transmite o vírus por via sexual”, disse a coordenadora 

Segundo Eleuzina, devido ao comprometimento do sistema imunológico a síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV) pode causar diversas complicações, sendo as mais comuns:

  • Tuberculose;
  • Pneumonia;
  • Toxoplasmose;
  • Meningite criptocócica;
  • Candidíase esofagiana;
  • Linfomas.

A Sesab informou que fomenta a intensificação de ações estratégicas de prevenção contra o HIV, sendo elas: a imunização contra a Hepatite B e HPV, oferta de preservativos internos, externos e gel lubrificante, Profilaxia Pré-Exposição – PrEP, Prevenção à Transmissão Vertical, além de tratamento, como Profilaxia Pós Exposição – PeP, ARV para todas as pessoas vivendo com HIV/Aids e diagnóstico e tratamento para as demais Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

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