Foto: Maria Isabel Oliveira
O ex-presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado, em São Paulo, que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, é um “ditador” que faz mais mal ao país do que o presidente Lula. Ele pediu que o Senado “bote um freio” no ministro.
— Eu espero que o Senado Federal bote um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil do que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva — afirmou.
Gripado e rouco, Bolsonaro participou da manifestação na Avenida Paulista ao lado de Silas Malafaia e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em caminhão contratado pelo pastor. Ao todo, quatro trios foram montados na avenida.
O ato foi marcadou pelos pedidos de impeachment contra Moraes e pela defesa de uma anistia aos condenados pela tentativa de golpe no dia 8 de janeiro.
Em discurso, ex-presidente voltou a questionar a legitimidade do resultado das eleições de 2022, disse que houve imparcialidade de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e afirmou que sua inegilibilidade é fruto de articulação do “sistema”.
— Se hoje eu sou o ‘ex’ mais amado do país, esse divórcio não foi feito pelo povo. Foi feito com base nesse sistema que trabalhou quatro anos contra a minha pessoa — argumentou Bolsonaro, que também defendeu “anistia” e disse que os acusações contra ele “sem materialidade” serão revistas.
O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) vestiu camiseta amarela e também subiu no carro, em um espaço menos privilegiado do palanque. O seu principal opositor na preferência do eleitorado bolsonarista, o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), não apareceu até às 16h.
Marçal chegou a Avenida Paulista de helicóptero, depois que Bolsonaro já tinha discursado. Os dois não se encontraram. Já Nunes aproveitou a manifestação para gravar material de campanha nas redes sociais, mas ficou ao fundo no caminhão, sem se expor.
O governador Tarcísio de Freitas evitou falar da disputa eleitoral em São Paulo e também não citou diretamente o nome de Alexandre de Moraes. Ele disse que a causa da manifestação era a “liberdade” e a “anistia aos apenados de forma desproporcional”.
— Que esse mar de gente sirva de inspiração aos nosso congressistas para que a gente possa conquistar de volta a nossa liberdade para que não haja censura, não haja banimento de rede, para que não haja exagero. Nós queremos a pacificação — afirmou o governador.
Tarcísio acrescentou que a anistia seria um “remédio político” dado pelo Congresso. Por fim, ele pediu aos manifestantes gritos de “Volta, Bolsonaro”.
Vestidos de verde e amarelo, os manifestantes levaram cartazes contra Moraes e em defesa do bilionário Elon Musk, dono do X. Ao marcar o início do ato, Malafia chamou a manifestação de uma “festa da democracia” para pedir o impeachment de “um ditador”.
Sob gritos de “Cabeça de ovo, Supremo é o povo”, o pastor, ao discursar, pediu uma oração por “Justiça”, pregou a inocência de Bolsonaro em inquéritos sobre o 8 de janeiro, e defendeu a prisão de Moraes por “rasgar a constituição”.
— Alexandre de Moraes tem que sofrer o impeachment e ir para a cadeia. Lugar de criminoso é na cadeia. Eu não estou caluniando nem difamando o ministro. Eu mostrei os artigos da constituição que ele tem rasgado — pontuou Malafaia.
Com uma camiseta preta com um X e a frase “free speech” (“liberdade de expressão”, em inglês), o deputado Eduardo Bolsonaro foi o primeiro a falar. Ele chamou Moraes de “psicopata” e disse que a liberdade de expressão no país está sob ameaça:
— Prezado presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, preste atenção nas minhas palavras: nós preferimos as lágrimas da derrota do que a vergonha de não ter lutado. Diante disso, eu convoco todos vocês, em especial os parlamentares aqui presentes e todos aqueles que estão nos assistindo para se posicionarem a favor de quatro bandeiras — afirmou o deputado, que terminou sua fala em inglês.
Nas “bandeiras” defendidas, Eduardo Bolsonaro citou o fim “das perseguições políticas”, anistia para todos os presos na tentativa de golpe do 8 de janeiro, o encerramento dos inquéritos sobre desinformação e o impeachment do Alexandre de Moraes.
Ao lado de Bolsonaro, no caminhão-palanque, estavam os senadores Magno Malta (PL-ES) e Marcos Rogério (PL-RO), os ex-ministros Ricardo Salles e Marcos Pontes, e deputados bolsonaristas como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Bia Kicis (PL-DF). Eles endossaram os pedidos de impeachment contra Moraes e “anistia aos perseguidos políticos”.
Kicis disse que seus colegas iriam “obstruir os trabalhos”no Congresso até que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), recebesse o pedido contra o ministro. Ferreira ameaçou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de “perder o apoio da direita” na sucessão do comando da Casa, caso não coloque em pauta a “anistia”.
Nikolas Ferreira chamou Moraes e Pacheco de ‘covardes’ e ameaçou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de perder o apoio da direita na sucessão do comando da Casa, caso não coloque em pauta a ‘anistia aos presos políticos’.