Eletrobras agora se chama Axia Energia

Foto: Montagem com foto da Bloomberg e de divulgação

Eletrobras anunciou nesta quarta-feira que mudou seu nome para Axia Energia. A mudança vem três anos após a privatização da empresa, ocorrida em 2022. De acordo com comunicado da empresa, Axia tem origem grega e significa “valor”. Remete também à ideia de “eixo”, aquilo que conecta, sustenta e gera movimento. A empresa foi fundada em 1962.

“Essa mudança traduz um movimento profundo de transformação que a empresa viveu nos últimos três anos e também seus desafios de negócio”, disse em carta o presidente da companhia, Ivan Monteiro. “Evoluímos nossa governança, ampliamos investimentos, fortalecemos nossa estrutura e nos reposicionamos para responder a um setor em transição, marcado por novas tecnologias, mudanças regulatórias e novos padrões de consumo”, acrescentou ele.

Os tíquetes dos papéis da companhia na B3 e na Bolsa de Nova York também vão mudar a partir de 10 de novembro, conforme abaixo:

Na B3

  • Ações ordinárias: AXIA3, em substituição a ELET3
  • Ações preferenciais A: AXIA5, em substituição a ELET5
  • Ações preferenciais B: AXIA6, em substituição a ELET6
  • Nome de pregão: AXIA ENERGIA

Na Nyse

  • Ações ordinárias: AXIA, em substituição a EBR
  • Ações preferenciais: AXIA PR, em substituição a EBR B
  • Nome de pregão: AXIA ENERGIA

Gigante de energia

A Eletrobras, agora Axia, soma 44,4 GW de capacidade instalada — o equivalente a mais de um quinto da capacidade de geração total do Brasil. A empresa tem 82 parques geradores em 20 estados do país e no Distrito Federal. Desses, 47 são usinas hidrelétricas, incluindo Belo Monte e Jirau, em Rondônia, e o Complexo de Paulo Afonso, na Bahia. Há ainda 33 eólicas e uma solar.

Hoje com quatro subsidárias — Eletrobras CGT Eletrosul, Chesf, Eletronorte e Eletropar — a companhia foi criada em 1962, no governo de João Goulart. E é vista como um pilar central do período que ficou conhecido como o do “milagre brasileiro”, entre o fim da década de 1960 e o início dos anos 1970, quando o Brasil cresceu a uma taxa superior a 10% ao ano, a reboque de robustos investimentos em infraestrutura.

Nessa época, a Eletrobras precisou literalmente erguer cidades para construir sua rede de hidrelétricas pelo país. Um dos exemplos é São José da Barra, vizinha a Rio Grande, onde fica a usina de Furnas. Na localidade hoje com menos de 8 mil habitantes, a companhia é dona de um aeroporto, um cinema e dois hotéis.

Essa trajetória deixou uma série de ativos ainda sob o chapéu da Eletrobras que, agora, a companhia se esforça para vender, voltando suas atenções para o foco central do negócio. A companhia tem, por exemplo, um hospital, da época da construção do conjunto de Paulo Afonso.

Reestruturação pós-privatização

Esse movimento de ajuste de ativos ganhou fôlego a partir da privatização da companhia, realizada em 2022. Com o processo, Itaipu Binacional e Eletronuclear foram separadas da empresa, passando para o comando de uma nova estatal, a Empresa Nacional de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar).

Monteiro, ex-CEO da Petrobras, está no comando da Eletrobras desde setembro de 2023. E tem atuado para fazer da antiga estatal — e vista pelo mercado como burocrática e lenta — uma companhia mais célere e rodando no ritmo do setor privado. Para isso, o executivo vem cortando custos de custos, reduzindo o quadro de funcionários e de ativos considerados não essenciais.

Vendeu, por exemplo, as termelétricas a gás para a Âmbar, braço de energia do Grupo J&F, dos irmãos Batista. Foram ao todo 13 usinas, numa transação que somou R$ 3,6 bilhões. Eles levaram também a participação da Eletrobras na Eletronuclar, livrando a companhia de investimentos da ordem de R$ 20 bilhões previstos para Angra 3.

No ano passado, a Eletrobras registrou lucro de R$ 10,4 bilhões em 2024, quase três vezes os R$ 3,6 bilhões de dois anos antes, quando foi privatizada.

O governo, apesar de ter deixado do controle da companhia, mantém uma participação de 45%, e tem havido pressão para ampliar a influência no conselho da Eletrobras, o que desperta questionamentos e insegurança do lado do mercado.

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