Lula monta núcleo duro com aliados fiéis do período de prisão

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, caminha na rampa do Palácio do Planalto com a esposa Janja, antes de se encontrar com apoiadores em Brasília

A fotografia da saída do presidente Luiz Inácio Lula da Silva da carceragem da Polícia Federal de Curitiba, em 2019, ajuda a entender o critério utilizado pelo petista na formação do núcleo duro de seu terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto.

No retrato, em que carrega uma faixa com a inscrição “Lula é inocente”, o presidente posa ao lado de integrantes do partido que hoje desempenham funções estratégicas na gestão petista e têm tido ascendência sobre decisões tomadas pelo presidente.

A presença de maior destaque na fotografia, e no período de prisão do petista, foi a hoje primeira-dama Rosângela Silva. O namoro de ambos teve início por uma troca de cartas durante o cárcere.

Com uma sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, a primeira-dama teve atuação direta, por exemplo, na decisão de manter a isenção tributária para encomendas internacionais de até US$ 50 entre pessoas físicas.

Ela ainda participou da escolha da equipe ministerial, sobretudo na decisão de que quase um terço dos ministros fossem mulheres, e vetou nomes com quem não tinha afinidade, sobretudo ex-desafetos do marido.

Uma outra presença frequente em Curitiba era o hoje ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que substituiu Lula nas urnas eletrônicas na disputa presidencial de 2018.

Haddad costumava atualizar Lula sobre o cenário político nacional e se consultava com o petista antes, durante e depois da disputa presidencial que levou à vitória de Jair Bolsonaro.

O presidente também recebia visitas frequentes da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, a parlamentar mais recebida no gabinete presidencial durante o terceiro mandato do petista.

Em um levantamento feito pela CNN, nos cem primeiros dias do governo petista, Gleisi teve maior presença em audiências com Lula do que os ministros da Saúde, da Educação e da Justiça.

O sociólogo Marco Aurélio Santana Ribeiro era também presença constante na carceragem da Polícia Federal. Conhecido pelo apelido de Marcola, assessorou o petista por sete anos e, hoje, é o chefe de gabinete do presidente.

Em 2018, mudou-se de São Bernardo do Campo (SP) para Curitiba (PR) com o objetivo de acompanhar o petista durante o período da prisão. Era Marcola quem fazia o resumo das notícias e organizava as cartas que o petista recebia no cárcere.

O ex-chanceler Celso Amorim, hoje assessor para assuntos internacionais, também fazia visitas ao petista no período. O diplomata também estava ao lado do petista quando ele foi preso no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Hoje, Amorim foi apelidado na Esplanada dos Ministérios de “chanceler 01”, pelo seu protagonismo nas discussões de uma pacificação entre Rússia e Ucrânia, poder que lhe foi conferido por Lula.

O seu destaque tem colocado em dúvida diplomatas estrangeiros que atuam no Brasil. Segundo relatos feitos à CNN, alguns deles têm dúvidas se procuram Amorim ou o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, para discutir assuntos internacionais.

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