Aliados de Jerônimo “dormem” e facilitam vida de Bruno Reis
Por Fernando Duarte
Mesmo distante, a disputa eleitoral de 2024 ocupa espaço no noticiário e na mente dos políticos. Em Salvador, há a expectativa do embate entre o atual prefeito, Bruno Reis (União), e os adversários históricos ligados ao PT e/ou os neo-adversários, a exemplo do ex-deputado federal João Roma (PL). Bruno mantém certo nível de conforto e parte disso é responsabilidade de quem se coloca do outro lado do debate eleitoral.
Em conversas ainda bem reservadas, integrantes da base do governo Jerônimo Rodrigues (PT) admitem a dificuldade em construir uma liderança que possa fazer frente a Bruno Reis e a ascendência que o ex-candidato a governador ACM Neto (União) continua a ter sobre o eleitorado soteropolitano. Além da máquina favorável à reeleição, o resultado do pleito estadual na capital baiana aponta que qualquer nome que ser arvorar a disputar a prefeitura precisará de muito esforço para descontruir o favoritismo do atual grupo político que controla o Palácio Thomé de Souza.
Ainda em 2022, o presidente do PT, Éden Valadares, sinalizou a importância da oposição discutir desde o início desse ano as diretrizes para a disputa em Salvador e nas principais cidades do interior. O esforço é evitar os fracassos de 2016 e 2020, quando as maiores cidades não deram resultados favoráveis a petistas e seus aliados. Mas, até aqui, pouco se viu ou se falou da movimentação desse grupo político para construir uma unidade, como a que logrou êxito, ainda que sob percalços, ano passado.
Enquanto Bruno Reis segue com uma “avenida livre”, os adversários não conseguem consolidar um nome que possa ser efetivamente competitivo na disputa. Talvez por acreditarem ser possível repetir o feito de Rui Costa e Jerônimo Rodrigues, que partiram do nada para morar no Palácio de Ondina. No entanto, em Salvador a lógica não tende a se repetir e criar uma liderança “do nada” pode resultar em mais uma fragorosa derrota – vide o modelo adotado nos últimos dois pleitos, especialmente quando lançaram Major Denice (PT) sem qualquer estrutura eleitoral prévia.
Se há bate-cabeças na base petista, a “terceira via” do bolsonarismo (ou outro nome, caso queiram) tenta manter visibilidade e expectativa de poder, seja como uma candidatura própria, seja com uma adesão ao projeto de reeleição de Bruno Reis. De um jeito ou de outro, quem se beneficia é o atual prefeito, que pode até lidar com o PL como uma pedra no sapato, um incômodo temporário e que pode ser solucionado.
Como disse um aliado do governo recentemente, em off, ou o grupo acorda ou vai ver o grupo de ACM Neto ganhar mais quatro anos em Salvador sem muitas dificuldades.