Tempestade Akará: conheça os riscos do fenômeno no Brasil

NOAA/Nasa

Um ciclone considerado raro na costa brasileira fez a transição de subtropical para tropical antes de se tornar tempestade ao longo do último fim de fim de semana, de acordo com a Metsul.

Nomeado no domingo (18) como Akará, espécie de peixe em Tupi antigo, em nomenclatura dada pela Marinha do Brasil, o fenômeno segue atuando pela costa da região Sul do País. A expectativa é que continue em alto-mar nesta terça-feira, 20, sem se aproximar efetivamente do continente.

De acordo com a Climatempo, a tempestade tropical Akará não tem influência direta na chuva nem em ventos fortes que possivelmente ocorram no continente.

“Os temporais são das nuvens cumulonimbus, que provocam fortes pancadas de chuva e que crescem fartamente sobre o País por causa da grande disponibilidade de ar quente e úmido. Mas, a tempestade tropical causa ventos fortes sobre o oceano e isso deixa o mar agitado na costa do Sul e do Sudeste e os navegantes precisam ficar atentos aos avisos da Marinha do Brasil”, acrescenta a empresa brasileira de meteorologia.

Uma tempestade tropical é o último estágio de desenvolvimento abaixo de um furacão. “Mas até o momento, não há expectativa que Akará se intensifique mais e se transforme em um furacão”, afirma a empresa de meteorologia. É o primeiro ciclone a ser nomeado no Brasil desde a tempestade subtropical Yakecan, em maio de 2022.

A tendência é que vá se afastando mais na quarta-feira (21) e que, a partir de quinta-feira (22), não atue mais sobre o País, de acordo com o meteorologista da Climatempo.

Há risco de se tornar um furacão?

Assim como a Climatempo, a Metsul também avalia que não há risco de evolução para um furacão.

“O centro de baixa pressão na costa do Sul do Brasil foi elevado da categoria de depressão tropical a tempestade tropical, o estágio anterior a um furacão. Com isso, a tempestade foi nomeada e batizada como Akará”, acrescenta a Metsul.

A tendência é continue seguindo rumo ao Sul, longe do continente até se dissipar totalmente, não oferecendo perigo em terra firme. Embora sem causar consequências no continente, Akará proporcionou o registro de algumas imagens de satélite na segunda-feira (19), conforme divulgou a Metsul.

Por que a tempestade foi batizada de Akará?

“Apenas as tempestades tropicais e subtropicais recebem um nome e somente a Marinha do Brasil batiza estas baixas pressões atmosféricas especiais”, explica a Climatempo. Enquanto o ciclone permanece como depressão tropical ou subtropical não é dada uma nomenclatura para ele.

Segundo o meteorologista Guilherme Borges, no início de 2023, a Marinha listou os possíveis nomes dos próximos eventos, que incluía Akará (espécie de peixe), Biguá (ave marinha), Caiobá (habitante da mata), Endy (luz do fogo) e Guarani (guerreiro).

O Akará é o nome indígena do acará, espécie de peixe de rio encontrado na região amazônica e em outros rios do Brasil. “Conhecido por sua carne saborosa, o Akará é frequentemente utilizado na culinária local, preparado de várias maneiras, como frito, assado, cozido ou em ensopados. Além disso, é apreciado por sua carne branca e firme”, explica o meteorologista.

Classificação dos ciclones, segundo a Marinha do Brasil:

  • Ciclones extratropicais: formam-se em latitudes altas, médias ou subtropicais e possuem núcleo frio em toda sua extensão vertical;
  • Ciclones tropicais: formam-se próximo ao Equador e possuem núcleo quente em toda sua extensão vertical;
  • Ciclones subtropicais: formam-se em latitudes subtropicais, tendo núcleo quente mais próximo a superfície e núcleo frio mais alto na atmosfera.

Diferenças entre depressão tropical e tempestade tropical:

  • Depressão tropical é uma área de baixa pressão atmosférica com ventos máximos sustentados de até 63 km/h;
  • Tempestade tropical é uma perturbação atmosférica mais organizada, com ventos máximos sustentados entre 63 km/h e 118 km/h e com pressão interna inferior à depressão subtropical. A pressão interna de uma tempestade tropical normalmente pode cair para valores em torno de 990 milibares ou menos, dependendo da intensidade da tempestade.

Por que os ciclones tropicais e subtropicais são raros no Brasil?

Ciclones subtropicais e tropicais precisam de três ingredientes básicos para a sua formação: alta temperatura da superfície do mar, muita umidade próximo da superfície, e um ciclone frio ocorrendo também nos médios níveis da atmosfera (em cerca de 5 km de altura).

“Não é sempre que a temperatura da superfície do mar está suficientemente alta, não é sempre que existe umidade suficiente na região e não é sempre que um ciclone frio ocorre a 5 km de altura. Então, a ocorrência destes três fatores, ao mesmo tempo, e em posições favoráveis, não é muito comum. Por isso estes sistemas são raros”, explica a Climatempo.

Já os ciclones extratropicais, por outro lado, são bem comuns porque seus ingredientes fundamentais (variação de temperatura na horizontal perto da superfície e frentes frias) ocorrem constantemente na atmosfera, de acordo com a empresa de meteorologia.

Tempestades tropicais e subtropicais registradas desde 2011 pela Marinha:

Antes da tempestade tropical Akará, neste período, somente uma delas tinha sido registrada como tempestade tropical, no caso batizada de Iba.

Entre 14 e 16 de fevereiro de 2021, um ciclone permaneceu apenas como depressão subtropical, não recebendo nome. Outra depressão subtropical também foi registrada entre os dias 6 e 9 de janeiro de 2023, acrescentou a Climatempo.

  • Arani – tempestade subtropical – 14 a 16 de março de 2011;
  • Bapo – tempestade subtropical – 5 a 8 de fevereiro de 2015;
  • Cari – tempestade subtropical – 10 a 13 de março de 2015;
  • Deni – tempestade subtropical – 15 a 16 de novembro de 2016;
  • Eçaí – tempestade subtropical – 4 a 6 de dezembro de 2016;
  • Guará – tempestade subtropical – 9 a 11 de dezembro de 2017;
  • Iba – tempestade tropical – 23 a 28 de março de 2019;
  • Jaguar – tempestade subtropical – 19 a 22 de maio de 2019;
  • Kurumí – tempestade subtropical – 23 a 25 de janeiro de 2020;
  • Mani – tempestade subtropical – 25 a 27 de outubro de 2020;
  • Oquira – tempestade subtropical – 27 a 30 de dezembro de 2020;
  • Potira – tempestade subtropical – 19 a 24 de abril de 2021;
  • Raoni – tempestade subtropical – 28 de junho a 1º de julho de 2021;
  • Ubá – tempestade subtropical – 9 a 12 de dezembro de 2021;
  • Yakecan – tempestade subtropical – 16 a 19 de maio de 2022.

Em 2004, um furacão atingiu o estado de Santa Catarina, deixando mais de 27,5 mil moradores desalojados, quase 36 mil casas danificadas, 518 feridos e 11 mortos. Os prejuízos chegaram a R$ 1 bilhão. Na ocasião ainda não havia nenhuma opção de nome a ser atribuído aos fenômenos desta natureza, e o furacão foi chamado Catarina. Depois da passagem dele, a Marinha decidiu criar uma lista.

Já Anita foi uma tempestade subtropical que se originou perto do litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina entre 8 e 12 de março de 2010, segundo a Climatempo.

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