O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (5) que a Rússia testou com sucesso um novo e potente míssil com propulsão nuclear. Ele se recusou a descartar a possibilidade de realizar testes envolvendo explosões nucleares pela primeira vez em mais de três décadas.
Putin afirmou que testou com sucesso o Burevestnik, um míssil de cruzeiro com propulsão e capacidade nuclear, com um alcance potencial de milhares de quilômetros.
Ele também disse, em uma reunião anual de analistas e jornalistas, que a Rússia tinha quase concluído os trabalhos no sistema de mísseis balísticos intercontinentais Sarmat, outro elemento crucial da sua nova geração de armas nucleares.
Putin, que desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, repetidamente lembra o mundo do poder nuclear de seu país, disse que ninguém em sã consciência usaria armas nucleares contra a Rússia.
Se um ataque nuclear ocorresse, ele disse que “um número tão grande de nossos mísseis – centenas e centenas – apareceria no ar que nem um único inimigo teria chance de sobrevivência”.
A Rússia não realiza testes que envolvem explosão nuclear desde 1990, um ano antes do colapso da União Soviética, mas Putin se recusou a descartar a possibilidade de retomá-los.
O líder russo observou que os Estados Unidos não ratificaram o tratado que proíbe os testes nucleares, enquanto a Rússia o assinou e ratificou. Seria teoricamente possível para a Duma, o Parlamento da Rússia, revogar a sua ratificação, disse ele.
Analistas militares dizem que a retomada dos testes nucleares pela Rússia, pelos Estados Unidos ou por ambos seria profundamente desestabilizadora, num momento em que as tensões entre os dois países são maiores do que em qualquer momento nos últimos 60 anos.
Em fevereiro, Putin suspendeu sua participação no tratado nuclear New Start, que limita o número de armas nucleares que EUA e Rússia podem utilizar.
Respondendo a uma pergunta do analista russo Sergei Karaganov, que tem defendido a redução das exigências para o uso de armas nucleares, Putin disse: “Simplesmente não vejo necessidade disso”.
Ele acrescentou: “Não há nenhuma situação hoje em que, digamos, algo possa ameaçar o Estado russo e a existência do Estado russo. Não. Acho que nenhuma pessoa de mente sã e memória clara pensaria em usar armas nucleares contra a Rússia.”
Karaganov tem chamado a atenção tanto de analistas estratégicos russos quanto ocidentais ao argumentar que é hora de a Rússia reduzir seu nível de exigência para o uso de armas nucleares, a fim de “conter, assustar e despertar nossos oponentes”.
Ele escreveu em um artigo recente que a Rússia deveria “abalar” os seus inimigos, ameaçando ataques nucleares a países europeus e a bases dos EUA na Europa.