Integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) digeriram mal o voto de Nunes Marques no julgamento do primeiro réu pelos atos antidemocráticos do 8 de janeiro. Segundo impressões colhidas pelo blog, o entendimento do ministro soou como “uma carta branca” para novas tentativas de intimidar os Poderes constituídos pela violência e pela força.
Marques desconsiderou o caráter golpista do 8/1. Em seu voto, o ministro afirmou que os milhares de responsáveis pelo maior atentado ao Estado de Direito desde o fim da ditadura eram, na verdade, “inaptos” que escolheram um caminho inviável para forçar uma virada de mesa.
Marques, ao tratar do primeiro réu pelo 8/1, usou o fracasso da tentativa de virada de mesa para afirmar que os golpistas não tinham chance de sucesso e acabou isentando o réu de crimes contra a democracia. Ele defendeu a condenação apenas por dano ao patrimônio público e depredação, com pena de 2 anos e meio de detenção em regime aberto.
“Ele está dando uma autorização para fazerem tudo de novo”, afirmou um integrante do STF ainda durante o julgamento desta terça.
O caso será retomado na Corte nesta quinta-feira (14). A expectativa é a de que permaneça o viés quase que educativo do entendimento do ministro Alexandre de Moraes, que pregou pena de 17 anos ao réu que sentou na cadeira do presidente do Senado durante a invasão e disse que poderia “cagar” na Casa no 8 de Janeiro.