Durante sequestro Homem conseguiu escapar após pular do carro.

Faltou sensibilidade de muitas pessoas’, diz motorista visto pedindo socorro dentro de porta-malas durante sequestro no RS

Motorista sequestrado dentro de porta-malas em Porto Alegre — Foto: Reprodução/RBS TV

Os longos minutos vividos dentro de um porta-malas durante um sequestro resultaram em um turbilhão de emoções para um motorista de aplicativo de Porto Alegre. O homem sente alívio por ter sobrevivido ao crime, no dia 2 de maio, mas não esconde a tristeza por não ter recebido ajuda durante ao menos 8 km em que andou pedindo socorro por uma fresta na traseira do veículo. A cena foi gravada por ocupantes de outro veículo (veja abaixo).

“Eu acho que faltou sensibilidade de muitas pessoas. Eu passei por mais de 100 pessoas na rua, com certeza. Mais de 100 pessoas me viram abanando, fazendo sinal com o braço pra fora do carro”, afirma o motorista, que prefere não ser identificado.

Ao chegar na delegacia para registrar o caso, um policial militar que estava no local questionou o que estava acontecendo. Ao ouvir o relato da vítima do sequestro, a resposta foi surpreendente: as autoridades já tinham sido informadas de vídeos do sequestro, mas nenhum contato pelo telefone 190 teria sido feito.

“Ele disse: ‘cara, eu já recebi o teu vídeo, ele viralizou. A polícia toda está atrás de ti, que bom que tu está a salvo’. Eu comentei com a minha esposa que, ao mesmo tempo que eu fico grato pela pessoa que filmou e viralizou rápido o vídeo, parece que ninguém ligou para o 190”, lamenta.

O homem, que tem um emprego fixo, mas atuava como motorista de aplicativo para complementar a renda, diz ter sentido medo de morrer

Os longos minutos vividos dentro de um porta-malas durante um sequestro resultaram em um turbilhão de emoções para um motorista de aplicativo de Porto Alegre. O homem sente alívio por ter sobrevivido ao crime, no dia 2 de maio, mas não esconde a tristeza por não ter recebido ajuda durante ao menos 8 km em que andou pedindo socorro por uma fresta na traseira do veículo. A cena foi gravada por ocupantes de outro veículo (veja abaixo).

“Eu acho que faltou sensibilidade de muitas pessoas. Eu passei por mais de 100 pessoas na rua, com certeza. Mais de 100 pessoas me viram abanando, fazendo sinal com o braço pra fora do carro”, afirma o motorista, que prefere não ser identificado.

Ao chegar na delegacia para registrar o caso, um policial militar que estava no local questionou o que estava acontecendo. Ao ouvir o relato da vítima do sequestro, a resposta foi surpreendente: as autoridades já tinham sido informadas de vídeos do sequestro, mas nenhum contato pelo telefone 190 teria sido feito.

“Ele disse: ‘cara, eu já recebi o teu vídeo, ele viralizou. A polícia toda está atrás de ti, que bom que tu está a salvo’. Eu comentei com a minha esposa que, ao mesmo tempo que eu fico grato pela pessoa que filmou e viralizou rápido o vídeo, parece que ninguém ligou para o 190”, lamenta.

O homem, que tem um emprego fixo, mas atuava como motorista de aplicativo para complementar a renda, diz ter sentido medo de morrer

A Polícia Civil investiga o crime. O carro roubado já foi localizado, passou por perícia e deve ser devolvido ao dono em breve.

A corrida e o sequestro

O motorista atendeu a um chamado de corrida feito por três homens na Zona Leste de Porto Alegre, em direção a Viamão, na Região Metropolitana. Dentro do veículo, eles agiam normalmente, inclusive indicando como pagariam pelo transporte.

Ao chegar no destino, os criminosos anunciaram o assalto e agrediram o condutor.

“Um perguntou: ‘vamos apagar aqui mesmo?’. ‘Não, bota no porta-malas e vamos dar um rolê por aí’. Me jogaram no porta-malas, me chutaram, deram outra coronhada”, conta.

A trava do porta-malas fechou, e os homens saíram com o carro em uma estrada de chão batido. O motorista diz que começou a mexer no trinco e conseguiu abrir o compartimento. No entanto, ele ouviu o sensor do painel indicando que uma das portas do automóvel estava aberta e se assustou com a possível reação dos sequestradores.

“Com uma perna, eu segurei a porta. Com uma mão, eu apertei o sensor, e a outra mão eu botei para fora do porta-malas. Eu não sabia onde eu estava”, afirma.

Vídeo mostra motorista pedindo socorro após ser sequestrado em Porto Alegre — Foto: Arquivo pessoal

Tentativas de fuga

Acreditando estar a mais de 100 km/h, o homem decidiu que teria de pular do carro para escapar dos sequestradores. Ele conseguiu identificar que estava em Porto Alegre, mas, vendo que estava em uma região de pouco movimento, teve medo de saltar do automóvel e ser visto pelos assaltantes.

O motorista passou a fazer sinais com a mão tentando comunicar o que estava acontecendo.

“Eu com a mão pra fora, abanando, fazendo sinal de arma, fazendo sinal de ligação. Eu via que os motoristas me olhavam. Eu olhava no rosto dos motoristas. Vi um motoqueiro me olhando, e eu fazendo sinal, pedindo ajuda”, relata.

O veículo seguiu pelas avenidas Bento Gonçalves e Ipiranga, na Zona Leste, até entrar na Rua Cristiano Fischer, em mais de 8 km de tensão.

“Eu vi que tinha um rapaz em um carro branco me filmando. Eu vi a luz da câmera. Eu olhava pra ele e fazia sinal: ‘liga, liga pra polícia, por favor’. Eu estava desesperado, pensava nos meus filhos, na minha mãe, no meu pai, na minha esposa. Eu só queria pular do carro”, diz, emocionado.

Quando o carro parou em um semáforo, ele, enfim, pulou do carro.

“A minha sorte, é que eu estava com uma jaqueta de couro. Então, eu pulei de lado, caí de ombro no chão, rolei no asfalto”, relata.

O homem pediu ajuda a um motorista de ônibus, que o levou para uma delegacia. O posto policial estava fechado, e ele saiu para pedir ajuda a um segurança de uma lanchonete próxima, onde conseguiu contatar a esposa.

“Na minha cabeça, eu tinha impressão que, a qualquer momento, eles iam aparecer atrás de mim”, fala.

Trauma e apoio da família

Apesar de já ter passado quase uma semana, o motorista segue abalado. Ele precisou de atendimento psicológico e só conseguiu voltar a andar de carro no final de semana.

“Eu tive que dar uma saída à noite. A impressão que eu tinha é que havia pessoas comigo dentro do carro. Fica o trauma”, fala.

Ele ainda não sabe se vai voltar a trabalhar com aplicativos, mesmo que exista a necessidade financeira da família. Ainda assim, o motorista afirma que encontra nos parentes e nos amigos o amparo que precisa neste momento.

“Minha esposa me apoia muito, meus filhos me abraçam”, diz.

Em um momento emocionante, dias após o crime, o homem viu o carinho do filho pequeno que, ao marcar cinco gols em um torneio infantil de futebol, corria para abraçá-lo a cada lance.

“Cada gol que ele fazia, eu chorava. Aquilo foi muito gratificante. Na hora, eu chorava e agradecia: ‘obrigado, Senhor, pelo presente que está me dando através do meu filho’. Eu vi o rostinho sorridente dele”, lembra.

Motorista colocado dentro de porta-malas durante sequestro em Porto Alegre — Foto: Reprodução/RBS TV

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