Esquerda volta às ruas; maior mobilização popular em 20 anos desafia a direita

Nas 27 capitais, manifestantes protestaram contra a PEC da Blindagem e da Anistia; pressão popular já causa recuo de parlamentares e fortalece Lula e os movimentos sociais.

No dia 21 de setembro, as ruas das 27 capitais brasileiras foram tomadas por milhares de manifestantes em um ato que já é considerado histórico. Movimentos sociais, sindicatos, estudantes e organizações de base se uniram contra a chamada PEC da Blindagem e da Anistia — apelidada de “PEC da Bandidagem” pelos críticos —, vista como uma tentativa de proteger políticos acusados de crimes e enfraquecer os avanços democráticos.

A magnitude da mobilização surpreendeu até mesmo setores da esquerda: há pelo menos 20 anos não se via uma presença tão massiva nas ruas. O ato também mostrou efeitos imediatos no campo político. Deputados federais que, na semana anterior, haviam votado a favor da anistia e da blindagem já começaram a recuar. Alguns agora declaram publicamente que “esperam que o Senado rejeite a proposta”. Outros admitem que a pressão social foi tão grande que “estremeceu os pilares” do Congresso.

O reflexo foi rapido

Imagens redes sociais

No Senado, o cenário também mudou. A maioria dos parlamentares sinaliza ser contra a PEC, enquanto outros, constrangidos, evitam declarar voto. A mobilização, portanto, não apenas lotou ruas, mas também expôs o desgaste político de quem tentou empurrar a medida adiante.

Linha do tempo: da votação na Câmara à virada no Senado

📅 Semana passada – Câmara dos Deputados

A PEC da Blindagem e da Anistia foi aprovada em votação apertada.

Muitos parlamentares votaram a favor, mesmo diante das críticas de movimentos sociais, que apelidaram a proposta de “PEC da Bandidagem”.

📅 Dias seguintes – Repercussão negativa

A imprensa e as redes sociais começaram a denunciar os efeitos da PEC, apontando que ela anistiaria crimes ligados ao golpismo e à corrupção.

Movimentos sociais intensificaram a convocação de atos nacionais contra a medida.

📅 21 de setembro – Mobilização histórica

As ruas das 27 capitais foram tomadas em protestos massivos contra a PEC.

Foi a maior mobilização de esquerda em duas décadas, dando nova centralidade aos movimentos sociais.

📅 22 de setembro – Recuo na Câmara

Deputados que haviam votado a favor começaram a recuar publicamente.

Alguns declararam esperar que o Senado rejeite a proposta.

Outros passaram a evitar comentar o próprio voto, em sinal de constrangimento.

📅 Atualidade – Senado pressionado

A maioria dos senadores já sinaliza ser contra a PEC.

Parte dos parlamentares evita se posicionar para não enfrentar a pressão da opinião pública.

Analistas afirmam que a mobilização popular foi determinante para “estremecer os pilares” da proposta.

Será um ponto de virada?

A retomada das grandes manifestações populares marca um ponto de virada. Durante a última década, a direita ocupou o espaço público com atos bolsonaristas e agendas conservadoras. Desta vez, foi a esquerda quem mostrou força, dando novo fôlego à base social que sustenta o governo Lula e abrindo caminho para uma reorganização política no país.

O ato também levanta uma série de perguntas: será o renascimento definitivo das ruas como espaço de luta da esquerda? Estaria o bolsonarismo em seu ponto mais frágil desde 2018?. Analistas apontam que a bandeira norte-americana, exibida por grupos bolsonaristas em protestos recentes, soou como um golpe contra o sentimento de identidade nacional, afastando parte da base popular.

Enquanto isso, a rejeição à PEC reforça uma mensagem clara: a sociedade não aceita retrocessos na democracia. A mobilização amplia a legitimidade de Lula diante das disputas no Congresso e fortalece o papel dos movimentos sociais como guardiões da democracia brasileira.

Seja como marco de resistência ou como início de um novo ciclo político, o 21 de setembro entra para a história como o dia em que a esquerda voltou a ocupar as ruas do Brasil — em número, em voz e em potência.

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