
Brasil foi oficialmente retirado da lista de países em risco de subnutrição, segundo o relatório apresentado na segunda curva semestral da ONU, realizada na Etiópia. Um avanço? Sim. Um alívio? Talvez. Mas a pergunta que não cala é: a quem interessa uma população faminta?
Para entender o presente, é preciso olhar o passado. Em 2014, o Brasil já havia deixado esse triste ranking. Mas bastaram quatro anos para o país voltar. Em 2018, e novamente em 2020, o nome do Brasil reapareceu entre os que convivem com a fome. O que houve? O que se perdeu nesse caminho?
A fome nunca foi apenas um problema social. Sempre foi, para muitos, uma estratégia de controle. Desde a monarquia, passando pelo império, pela república velha, pelas ditaduras e pelos governos modernos, a burguesia sempre lucrou com a miséria. A fome virou moeda de troca. O estômago vazio virou ferramenta de chantagem. E o trabalho de um povo desesperado por um prato de comida foi, e ainda é, explorado ao extremo.
Mudou o tempo, mas não mudou a estrutura. A aparência da elite é outra, mas sua lógica continua a mesma: manter o povo na margem, para manter os lucros no topo. Enquanto uns celebram lucros recordes, outros enfrentam filas por ossos, restos e sobras. Quem realmente ganha com isso?
Confira o resultado 2025
O cálculo leva em conta a média dos três últimos anos da Taxa de Prevalência da Subalimentação (PoU). Se o resultado dessa média indicar que mais de 2,5% da população está em situação de insegurança alimentar grave, então o país é incluído no Mapa da Fome. O relatório é atualizado anualmente, sempre levando em conta as informações coletadas no último triênio, para evitar que episódios pontuais, como crises climáticas ou econômicas, alterem o resultado.
Em 2014, uma série de esforços do Governo Federal levou o Brasil a sair do Mapa pela primeira vez. Algumas das políticas que se destacaram nesse resultado foram o Programa Fome Zero, O Bolsa Família, a criação do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), e o Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional). Mas a partir de 2016, o enfraquecimento das políticas sociais fez com que o país voltasse a integrar a lista em 2018.
Em 2023, a insegurança alimentar caiu 85% no país, garantindo comida na mesa de 14,7 milhões de brasileiros, e ficou em 2,8%, pouco acima da linha determinada para a entrada no Mapa da Fome.
“Entre 2023 e 2024, reduzimos em 85% o número de pessoas em insegurança alimentar grave. Agora, o resultado de diversas políticas públicas do Governo Federal nos retira dessa trágica estatística. Esse trabalho é motivo de muito orgulho e mostra que aprendemos lições importantes, porque, no passado, levamos 11 anos para retirar o Brasil do Mapa da Fome”, destacou o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias. Dias lembrou ainda que a meta imposta pelo presidente Lula era de conseguir esse feito até o fim de 2026
Sair do mapa da fome é importante. Mas mais importante ainda é sair do ciclo da exploração, da manipulação pela necessidade, da política feita para manter o povo de joelhos. A fome não pode ser arma. A comida não pode ser chantagem.
A pergunta segue no ar, de cara com as feras: a quem interessa um povo com fome?
Por| Alenilton Malta
