
Nas últimas semanas, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, tem feito uma “blitz” por novos talentos em inteligência artificial, recrutando profissionais de empresas rivais para reforçar as equipes do Instagram, Facebook e WhatsApp.
A estratégia incomodou Sam Altman, CEO da OpenAI, dona do ChatGPT. Em junho, ele expôs publicamente que a Meta estava tentando contratar membros da sua equipe com propostas milionárias.
“Eles começaram a fazer ofertas gigantescas para muitas pessoas da nossa equipe”, contou Altman em um podcast. “Você sabe, [coisas] como bônus de US$ 100 milhões, e mais do que isso em remuneração, por ano.”
Na época, Altman afirmou que a Meta não havia conseguido contratar os principais nomes da OpenAI. No entanto, a ofensiva de Zuckerberg seguiu avançando nas semanas seguintes.
Entenda os bastidores da disputa por talentos na IA:
Quem Zuckerberg já contratou?
No último mês, Zuckerberg liderou a ofensiva pessoalmente, segundo a Reuters, fazendo ofertas para startups e abordando candidatos diretamente, via WhatsApp, com propostas milionárias.
O principal nome contratado até agora é Alexandr Wang, diretor da nova divisão da empresa, batizada de Meta Superintelligence Labs. Ele atuava como CEO da Scale AI, startup que também recebeu um investimento de R$ 14,3 bilhões da Meta, em junho.
Outro nome importante é Nat Friedman, ex-CEO do GitHub, que vai liderar os projetos de pesquisa aplicada em IA. A Meta também contratou onze pesquisadores que trabalhavam na OpenAI, Anthropic e Google.
O quanto Zuckerberg está oferecendo?
De acordo com o site Wired, os pacotes oferecidos por Zuckerberg podem chegar a US$ 300 milhões em quatro anos, sendo mais de US$ 100 milhões só no primeiro ano. Grande parte das propostas é direcionada a nomes da OpenAI.
Os valores são semelhantes aos divulgados publicamente por Altman em junho. A Meta, porém, afirmou ao Wired que os números não são corretos e que houve distorções sobre os pacotes de remuneração.
Qual foi a reação de Sam Altman?
Em 30 de junho, Altman criticou a Meta em um memorando enviado a pesquisadoras da OpenAI, revelado pelo Wired. Segundo o portal, ao menos sete funcionários da criadora do ChatGPT foram contratados pela Meta desde o início da ofensiva.
Altman classificou as ações da Meta como “desagradáveis” e alertou para possíveis “problemas culturais” na rival. Ele também sugeriu que seus funcionários teriam mais vantagens ao permanecer na OpenAI.
“Acredito que haja muito, muito mais potencial de valorização nas ações da OpenAI do que nas ações da Meta”, escreveu.
“Mas acho importante que uma grande valorização venha depois de um grande sucesso; o que a Meta está fazendo, na minha opinião, levará a problemas culturais muito profundos.”
Altman reconheceu que a rival contratou “algumas pessoas excelentes”, mas disse que ela não conseguiu os alvos principais.
“Eles vêm tentando recrutar pessoas há muito tempo, e perdi a conta de quantas pessoas daqui eles tentaram trazer”, escreveu. “Tenho orgulho de como nossa indústria, como um todo, se orienta em missões; é claro que sempre haverá alguns mercenários.”
Ele concluiu dizendo que “missionários vencerão mercenários”.
Segundo o Wired, Mark Chen, diretor de pesquisa da OpenAI, foi ainda mais direto. Em um e-mail enviado no dia 28, disse que a situação parecia “como se alguém tivesse invadido nossa casa e roubado alguma coisa”.