
Por De Cara com as Feras
A história já nos ensinou que políticas sociais são fundamentais para reduzir desigualdades. A esquerda, ao longo do tempo, teve papel essencial em criar programas de combate à fome, acesso à saúde e educação. No entanto, é preciso ter coragem para dizer o que muitos evitam: há setores da esquerda que fazem da miséria um projeto de poder, e da fome, uma propaganda política.
nesse ponto que surge a crítica necessária. Em vez de lutar para erradicar de vez a pobreza, alguns políticos, travestidos de defensores do povo, criam uma relação de dependência com os mais vulneráveis. Não combatem a raiz do problema — apenas maquiam a dor com promessas que nunca se cumprem totalmente. A cada eleição, o discurso é o mesmo: “somos os únicos que cuidamos dos pobres”. A pergunta que fica é: por que, então, os pobres continuam tão pobres, décadas depois?
A resposta é amarga, mas real. Em muitos casos, manter uma população em estado de vulnerabilidade social se torna politicamente conveniente. A fome vira ferramenta de manipulação. A desnutrição é transformada em palanque. E o povo, infelizmente, vira massa de manobra.

O exemplo de Cuba é clássico. O país vende uma imagem internacional de resistência e solidariedade, mas esconde, internamente, um povo sofrido, limitado em seus direitos básicos, com escassez de alimentos, falta de liberdade de expressão e uma elite política que vive muito bem. A propaganda oficial exalta conquistas sociais, mas ignora que essas mesmas conquistas são usadas para manter um sistema autoritário onde a população depende do governo até para o que comer. A miséria, nesse contexto, não é um problema a ser resolvido — é uma ferramenta de dominação.

No Brasil, há políticos que seguem a mesma cartilha. Prometem comida no prato, mas entregam só migalhas. Distribuem cestas básicas às vésperas da eleição, enquanto mantém a educação sucateada e os postos de saúde sem estrutura. Transformam a dor do povo em slogan de campanha. E quando alguém ousa questionar esse ciclo de miséria mantida, logo é tachado de “inimigo do povo”.
É claro que não se pode generalizar. Há projetos sérios e gestores comprometidos com a verdadeira transformação social. Mas é preciso separar o joio do trigo. Não se pode mais aceitar que o sofrimento alheio seja a base de estratégias eleitorais. A política tem que servir para libertar, não para aprisionar.
A verdadeira justiça social nasce da autonomia: da escola que forma cidadãos críticos, do emprego que dá dignidade, da saúde que cuida de verdade. A esquerda que se diz progressista precisa refletir: está libertando ou amarrando o povo?
Em tempos em que o discurso fácil seduz e a propaganda política se alimenta da dor, cabe ao eleitor abrir os olhos. A fome não pode mais ser cabo eleitoral. A miséria não pode ser bandeira de campanha. E o povo merece mais do que promessas: merece respeito
Por| Alenilton Malta
