‘Se fosse escravo, seria caríssimo’: influenciador denuncia racismo em boate de BH e diz ter vivido ‘filme de terror’

 Foto: Reprodução / Redes sociais | Divulgação / Boate Mira

O influenciador digital Douglas Ferreira de Paula, de 33 anos, denunciou ter sofrido racismo na madrugada do último domingo em uma boate no Centro de Belo Horizonte. Segundo Ferreira, durante o evento, um homem se aproximou e disse: “Seus dentes são tão lindos que na época da escravidão você seria um escravo caríssimo”. 

Em entrevista , o influenciador afirmou ter vivido um “filme de terror” e ainda criticou a condução das polícias Civil e Militar de Minas Gerais.

No início da madrugada do último domingo, Ferreira estava com os amigos na varanda da boate, prestigiando um aniversário, quando o homem passou e elogiou seu sorriso.

— Quando eu estava na varanda, sorrindo com meus amigos, esse homem passou e elogiou meus dentes. Depois, ele voltou e disse: ‘Posso te falar uma coisa? Acho que você não vai gostar. Mas seus dentes são tão lindos que na época da escravidão você seria um escravo caríssimo’. Eu, inicialmente, fiquei em estado de choque e falei para o meu amigo que não acreditava no que tinha ouvido 

Por coincidência, um amigo de Ferreira conhecia uma amiga do suspeito, que tem 27 anos, e pediu para que ele voltasse para se desculpar.

— Quando ele voltou, meio bêbado, falou: ‘Eu só quis dizer que eu estudei na faculdade de História e aprendi que os escravo com os dentes bonitos eram os mais caros’. Fiquei desnorteado e precisei sentar em um banco — relembrou.

Ao tomar conhecimento do ocorrido, o gerente da casa noturna pediu apoio dos seguranças, e a Polícia Militar foi chamada. Neste momento, segundo o influencer, o suspeito tentou fugir pelas escadas, mas os seguranças o contiveram até que a polícia chegasse.

Em conversa com os policiais, o suspeito afirmou ser publicitário e desmentiu todas as acusações, inclusive o que havia dito para Ferreira.

‘Tentaram desencorajar a ocorrência’

Por volta das 3h da manhã, seis testemunhas foram para a delegacia, incluindo o DJ e o gerente da boate, para prestar depoimento.

— Os policiais tentaram desencorajar a ocorrência, usando vários termos que não conhecíamos para colocar barreiras invisíves e não seguirmos com o procedimento. Era o que parecia. Achamos melhor ligar para minha advogada e, então, a condução do processo passou a ser diferente — relatou Ferreira.

Depois de quatro horas na delegacia, todos foram levados para a Central Estadual do Plantão Digital, onde, de acordo com o influenciador, esperaram quase 3 horas pelo delegado, que não apareceu. Na ocasião, o escrivão da Polícia Civil tomou a frente da ocorrência e disse que o delegado responsável decidiu não prender o suspeito em flagrante, pois não havia provas suficientes.

— O racista acabou sendo liberado junto comigo. Isso é triste, pois a lei prevê que este é um crime inafiançável e, apesar disso, ele saiu da delegacia da mesma forma que eu. Estamos firmes e seguindo com o processo. Existem várias barreiras invisíveis para que o processo não siga. Espero que ele pague pelo crime que cometeu — afirmou.

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