Carro de patrão de jovens desaparecidos em Salvador é carbonizado; empresário é acusado de sequestro por famílias

Carro de dono de empresa onde jovens desparecidos em Salvador trabalham é carbonizado — Foto: Rildo de Jesus / TV Bahia

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Carro de patrão de jovens desaparecidos em Salvador é carbonizado; empresário é acusado de sequestro por famílias

Familiares de Paulo Daniel e Matusalém Muniz acreditam que eles foram sequestrados por Marcelo Batista da Silva, mas ele nega a acusação. Polícia investiga caso como desaparecimento.

Por g1 BA e TV Bahia

08/11/2024 10h02  Atualizado há 3 horas

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Marcelo, dono do ferro velho onde jovens desaparecidos trabalham, detalha versão dele

O carro do dono da empresa de materiais recicláveis onde trabalhavam como diaristas os jovens Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento, de 24 anos, e Matusalém Silva Muniz, de 25desaparecidos desde segunda-feira (4), foi incendiado na madrugada desta sexta-feira (8).

Os familiares de Paulo Daniel e Matusalém Muniz acreditam que eles foram sequestrados pelo dono da empresa, Marcelo Batista da Silva. O empresário nega a acusação.

A Polícia Civil não detalhou se essa hipótese é investigada, e diz apenas que procura pelos desaparecidos.

O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 3h50 e encontrou o veículo de Marcelo, na frente da empresa, em chamas. Ainda não há informações sobre o que pode ter causado o incêndio. O fogo foi debelado ainda na madrugada.

Carro de dono de empresa onde jovens desparecidos em Salvador trabalham é carbonizado — Foto: Rildo de Jesus / TV Bahia

Carro de dono de empresa onde jovens desparecidos em Salvador trabalham é carbonizado — Foto: Rildo de Jesus / TV Bahia

Em entrevista para o Bahia Meio Dia, programa da TV Bahia, Marcelo Batista contou que teve 5 toneladas de fardo de alumínio furtados nos últimos dois meses e que conseguiu recuperar 500 quilos no domingo (3), após flagrar o momento que funcionários atuavam no crime.

Segundo Marcelo Batista, na segunda-feira, ele flagrou o momento que Paulo Daniel e Matusalém ajudavam criminosos a levar o material da empresa. O dono da empresa afirmou que após ameaçá-los a fazer uma denúncia para a polícia, fez um acordo para que os dois planejasse um novo furto na terça (5).

Marcelo Batista informou que o intuito era conseguir ligar para a polícia, que conseguiria prender os criminosos em flagrante e recuperar a carga roubada. No entanto, os jovens não apareceram para trabalhar na segunda e nunca mais entraram em contato.

“Eu liberei os dois, meu funcionário e o encarregado estão como testemunhas. Ele [Paulo Daniel] saiu falando pelo celular, é só rastrear o aparelho e ver o percurso que ele fez, que vai constatar que ele saiu da minha empresa”, afirmou.

“Meia-noite a mãe dele começou a me ligar me ameaçando, dizendo que o filho dela não apareceu em casa, que eu era culpado e que tinha que dar conta do filho dele”, relatou o empresário.

Marcelo Batista informou que as câmeras de segurança da empresa foram quebrados pelos próprios funcionários há mais de dois meses.

“Poderia ser um flagrante para pegar eles fazendo furto. Não eram ladrões de fora que faziam os furtos, eram os próprios funcionários”, contou.

O empresário disse que aceita levar os policiais na empresa, para que eles procurem os jovens no local, porque ele tem certeza que Paulo Daniel e Matusalém saíram de lá vivos.

“Isso está me prejudicando, arranhando minha imagem. Já queimaram meu veículo, dando mais prejuízo financeiro… Agora eu corro risco de ser preso e não quero ter minha liberdade cerceada por uma coisa que não fiz”.

Paulo Daniel e Matusalém Muniz estão desaparecidos desde que saíram para trabalhar em uma empresa de materiais recicláveis, no bairro de Pirajá, na capital baiana.

De acordo com a mãe de Paulo Daniel, Marineide Pereira, dias antes do desaparecimento, os rapazes teriam sido acusados pelo empresário de roubar um gerador. Em entrevista ao Bahia Meio Dia, programa da TV Bahia, ela fez um apelo emocionado.

“Estou há quatro dias sem notícias do meu filho, sem saber se está vivo ou morto. Só quero saber o que está acontecendo. Nesse instante desabei, porque escutei um depoimento de um ex-funcionário de lá [da empresa], que falou que era torturado. Só quero meu filho, vivo ou morto”, desabafou.

Marineide assegura que Paulo Daniel não tem envolvimento com a criminalidade. “Meu filho não é ladrão, vagabundo, marginal. Eu não sou mãe de tapar o olho, se ele fosse errado, tinha que pagar pela Justiça, mas não é o caso”.

Ela prestou depoimento no Departamento de Proteção à Pessoa (DPP) na quinta-feira (7), e solicitou que o dono da empresa disponibilize imagens da câmera de segurança do local.

“Ninguém consegue sair com um gerador embaixo da blusa ou dentro das calças”, pontuou, acrescentando que os registros podem ajudar nas investigações.

Aflição de familiares

Segundo a família de Paulo Daniel, os parentes não foram autorizados a entrar no terreno da empresa para procurar pelos rapazes. Na tarde desta quinta-feira, bombeiros militares fizeram buscas na região, com a ajuda de cães farejadores. Eles percorreram cerca de 150 metros, entre o restaurante onde as vítimas almoçavam e o estabelecimento.

“Dizem que dispararam tiros contra eles e até o momento a gente não tem retorno, não sabe para onde foram levados. Até hoje estamos aqui sentados, esperando o retorno da polícia”, disse Fernanda Santos , tia de Paulo.

É um caso inesperado. Um menino suando, trabalhando, na correria e, de repente, a gente recebe uma notícia dessas. Está todo mundo abalado, sem saber o que pensar e esperando uma reposta da polícia”, comentou o padrasto de Paulo Daniel, Joselino dos Santos.

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