24 horas depois de temporal, 1,3 milhão seguem sem luz em SP; bares atendem clientes no escuro e comerciante tem prejuízo de R$ 50 mil

Foto: Rodrigo Rodrigues

Um dia após o temporal com forte vendaval atingir São Paulo, 1,35 milhão de clientes seguem sem luz na região metropolitana. A forte chuva atingiu a Grande São Paulo por volta das 19h30 de sexta-feira (11).

“Até as 18h40 (de sábado), cerca de 750 mil clientes (dos 2,1 milhão de afetados) tiveram o serviço restabelecido. No momento, cerca de 1,35 milhão de clientes estão afetados, ou quase 17% da base de clientes da distribuidora. Em alguns casos, o trabalho para restabelecer a energia é mais complexo pois envolve a reconstrução de trechos inteiros da rede”, diz a Enel.

Nessas 24 horas sem luz, o paulistano teve que improvisar: donos de bares e restaurantes seguiram atendendo os clientes mesmo sem luz.

Na Zona Oeste, durante a noite deste sábado (12) e ouviu muita reclamação dos donos e gerentes desses estabelecimentos. Eles narraram prejuízos enormes e o dia perdido, sem o faturamento do feriado de Nossa Senhora Aparecida, que foi planejado para ser o mais rentável do mês.

Responsável por um bar na esquina das ruas Teodoro Sampaio e Lisboa, o administrador Jonas Almeida contou que deixou de faturar mais de R$ 20 mil com a falta de luz.

“Sábado é nosso melhor dia. E com o feriado, a expectativa era faturar alto. Contratei até empregado extra, mas vou ter que dispensar todo mundo. Já mandei o pessoal guardar as mesas, porque mesmo que a luz volte, não tem nem cerveja gelada para servir os clientes”, afirmou.

“Por baixo, a gente deixou de faturar hoje pelo menos R$ 20 mil. No apagão de novembro, a gente já tinha ficado quase três dias sem luz e o prejuízo foi acima de R$ 50 mil”, contou.

Ironicamente, Jonas mostrou a fatura da Enel no valor de R$ 3.100, que chegou no e-mail dele justamente nesse sábado: “a cobrança não falha. É religiosa. Mas a prestação de serviço deixa muito a desejar”, reclamou.

Na farmácia de rede que fica na esquina da avenida Henrique Schaumann com a mesma Teodoro, uma placa na porta indicava o fechamento do lugar, por falta da energia.

O gerente disse que não podia se identificar, mas que a unidade era uma das que mais faturava na rede e ficou todo fechada: “os prejuízos passam muito de R$ 50 mil só hoje”, disse ele.

O frentista Genilson de Moraes, encarregado de um posto de gasolina na mesma região também narrou outras perdas.

“Por causa da falta de luz, as maquininhas descarregadas e a gente não consegue receber dos clientes se não for no dinheiro. Mas hoje em dia, quem anda com dinheiro?”, afirmou.

Ele também afirmou que a conveniência do posto perdeu dois freezers cheios de sorvetes, que derreteram, além de outros produtos perecíveis que estão pra estragar.

“Se demorar mais, vai perder pão de queijo, leite, salgado. O prejuízo do patrão vai ser enorme”, avisou.

Os donos se dizem desesperados com a queda do movimento e a possibilidade de mais prejuízos, a depender da demora da retomada.

“Depois do apagão de novembro, a gente aprendeu a correr pra salvar parte das coisas, pedindo ajuda pra vizinhos e parentes guardar produtos perecíveis correndo. Mas a gente não sabe até quando vai isso. O histórico da Enel de retomada não ajuda a dar esperança”, afirmou Denis Machado, dono de um café na esquina da rua Joaquim Antunes.

Segunda-feira

Apesar de o presidente da Enel Distribuição São Paulo, Guilherme Lencastre, informar neste sábado (12) que a empresa não tem previsão de retomada total do fornecimento de energia na Grande SP, moradores de São Paulo receberam um comunicado da empresa dizendo que o prazo de restabelecimento é na segunda-feira (14), mais de dois dias depois do temporal que atingiu o estado na sexta-feira (11).

Clientes de diferentes regiões da cidade, como Santo Amaro, na Zona Sul, Mooca, na Zona Leste, e Pinheiros, na Zona Oeste, receberam o comunicado

À imprensa, Guilherme Lencastre não deu previsão para a retomada total do serviço na Grande SP e disse que as áreas mais afetadas foram as Zonas Oeste e Sul de São Paulo, além dos municípios de Taboão da Serra, São Bernardo, Santo André e Diadema.

“Não é questão de não saber e não passar. E não quero colocar uma expectativa que seja frustrada. (…) A gente tem consciência do transtorno causado por eventos como esse e sabemos da nossa responsabilidade. Vamos trabalhar de forma incansável para reconectar todos os nossos clientes”, declarou.

O presidente da Enel também afirmou que a empresa disponibilizou 500 geradores para atender hospitais e estabelecimentos que estão sofrendo com a falta de luz na região de concessão, além de ter dois helicópteros da empresa sobrevoando as linhas de transmissão para identificar eventuais problemas.

Lencastre culpou o vento histórico que atingiu a capital paulista e as cidades da Grande SP, com rajadas de mais de 107,6km/h pelos transtornos ocorridos na cidade, que afetaram mais de 2,1 milhões de clientes da empresa desde sexta (11).

“Foi a maior ventania desde 1995. 20% da nossa base de clientes foram impactados. Dos nossos 8 milhões de clientes, 1,6 milhão ainda são afetados até agora. Também estamos conversando com concessionárias vizinhas para restabelecer mais rápido possível”, declarou.

Por ora, a Enel diz que os canais mais recomendados pela empresa para o contato dos usuários são os seguintes:

  • SMS: envie gratuitamente mensagem de texto do seu celular para o número 27373 com a palavra luz e o número da instalação que está sem energia. exemplo: luz 012345678.
  • Pelo aplicativo da Enel, site enel.com.br e whatsapp: (21) 99601-9608.

A falta de luz na Grande SP afetou também o abastecimento de água em várias cidades da região, segundo a Sabesp. Segundo a empresa, as regiões mais afetadas pelos problemas de distribuição de água são a capital paulista, São Bernardo do Campo, São Caetano, Santo André e Cotia.

No comunicado divulgado neste sábado (12), a Sabesp pediu economia de água e uso racional até a volta completa da energia elétrica, que afetou o funcionamento das estações elevatórias de tratamento e abastecimento nessas regiões

Mortes e estragos da sexta

Sete pessoas morreram no estado de SP em virtude das chuvas. Três delas em Bauru, no interior, e quatro na Região Metropolitana:

  • Bauru: três mortes após queda de muro
  • São Paulo: uma morte após queda de árvore no bairro Campo Limpo
  • Diadema: uma morte após queda de árvore
  • Cotia: duas mortes após queda de muro

Previsão para sábado e domingo

Na madrugada deste sábado, os termômetros localizados nas estações meteorológicas do CGE registravam média de 20°C, informou o CGE. Imagens do radar meteorológico indicavam apenas ocorrência de chuviscos isolados.

Há previsão de chuva entre a madrugada e o amanhecer. No restante do dia, a quantidade de nuvens diminui e o sol aparece, segundo o centro. A máxima chega aos 27°C à tarde, e a mínima de 17°C será observada à noite.

No domingo (13), os ventos que sopram do mar favorecem o ingresso de umidade e a formação de muitas nuvens em toda a faixa leste paulista. Com isso, o céu varia de nublado a encoberto, e a temperatura apresenta declínio. A mínima prevista é de 16°C, e máxima, de 23°C.

Confira mais fotos e vídeos do temporal:

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