‘Amor, fica calma que é a polícia’, disse viúvo de mulher morta 

Foto: Reprodução

O corpo da cozinheira Elaine Esteves Pereira, 39 anos, morta pelo disparo de um policial civil após o carro que ela estava com o marido bater na traseira de um veículo da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) na Avenida Brasil, foi velado, na manhã desta segunda-feira (12), no Cemitério Parque da Paz, em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Abalado, o viúvo Carlos André Alves de Almeida, de 48 anos, contou que o casal estava sendo perseguido por outro carro e lembra que chegou a ficar aliviado ao avistar o carro da polícia.

“Eu achei que quando chegou ali a gente estava a salvo desse veículo que estava colidindo com a gente. Falei: ‘Amor, fica calma que é a polícia’. Achei que a polícia era a nossa salvadora, mas o que aconteceu foi uma tragédia maior”, lamentou o viúvo, que lembrou que assim que os disparos pararam a esposa reclamou que estava passando mal.

A mulher ainda conseguiu abrir a porta do carro, se soltar do cinto, mas, segundo o marido, começou a desfalecer no local.

“Ela conseguiu soltar o cinto, abrir a porta, e foi desfalecendo ali no canteiro, ali no barranco”, lembra o marido, que na hora achou que a mulher houvesse desmaiado.

Primo foi morto por tiro na Dutra

Não foi a primeira vez que a família da jovem sofre com a violência. Há 5 anos, um primo de Elaine foi morto em um tiroteio na Rodovia Presidente Dutra.

“Essa é a segunda vez que a minha família passa por isso. Não vamos suportar. Tem cinco anos que tiraram o meu sobrinho de 26 anos e ninguém fez nada. Foi na Dutra, o único filho do meu irmão. A polícia não fez nada”, lamentou Rosângela da Silva Esteves Paiva, 58 anos, mãe de Elaine.

“Ele tinha vindo do Equador para fazer a festa de 15 anos da irmã, em Nova Iguaçu, e quando voltava de uma festa e foi morto em uma abordagem da polícia. Agora, de novo isso. Tem que pegar a pessoa que fez isso. Tem que ter preparo para os policiais”.

Sem conseguir conter as lágrimas, ela conta que a filha faria aniversário dia 13 de setembro e no mesmo dia iria oficializar a união.

“Ela iria fazer uma festa, que era o sonho de uma festa aos 40 anos. Ela estava com o vestido de noiva e o boque comprado para casar no mesmo dia. Eu não sei o que falar, não sei o que fazer. Eu respiro por ela e quero que Deus me leve para ficar com ela”.

Elaine deixa duas filhas e, durante o velório, Márcia Eduarda Pereira de Jesus, de 24 anos, gritava e lamentava.

“Eu te amo, eu te amo. Mãe, levanta daí. Mãe, por favor, acorda. Diz que é mentira. Meu Deus, meu Deus”.

A jovem, que pede punição para quem tirou a vida da mãe, também chorava muito. “A minha luz, a minha melhor amiga. Mas, não me deixa. Tá doendo muito. Me desculpas por alguma coisa, mãezinha”, dizia a moça ao lado do corpo da mãe.

Perseguição

A morte foi na altura de Barros Filho, na Zona Norte do Rio. Elaine e o marido haviam saído de uma festa. No caminho pela Estrada da Água Branca, um homem em outro carro parou ao lado e pediu que encostassem porque o casal teria batido no carro dele.

Carlos André afirma que nem ele nem a mulher perceberam o acidente e que ficaram com medo de parar, às 3h da manhã, e resolveram acelerar.

O outro carro foi atrás e, segundo Carlos André, chegou a bater na traseira deles de propósito. Ao tentar fugir, o marido de Elaine disse ter perdido o controle em uma curva ao chegar na Avenida Brasil. Foi quando bateu no comboio da DH.

Em nota, a Polícia Civil afirma que o carro estava “em fuga” e citou a proximidade com a comunidade de Parada de Lucas. Segundo a polícia, os tiros foram dados para “interromper a investida repentina e violenta

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