Câmara se vê em “beco sem saída” com caso Zambelli

Analista Larissa Rodrigues, no Agora CNN, aponta que com notificação do Supremo, presidente da Câmara, Hugo Motta, tem prazo limitado para decidir sobre perda de mandato da deputada Carla Zambelli

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A Câmara dos Deputados enfrenta uma situação delicada após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a perda de mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e fixou prazo de 48 horas para a diplomação do seu suplente.

A parlamentar foi condenada em dois casos distintos: pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), caso que envolveu o hacker Walter Delgatti Neto, resultando em anos de prisão; e por perseguir um homem armada nas vésperas da eleição de 2022, na região dos Jardins, em São Paulo.

Apesar das condenações, o plenário da Câmara havia decidido não cassar o mandato de Zambelli, criando um impasse institucional.

Estratégia frustrada do presidente da Câmara

Segundo Larissa Rodrigues, o presidente da Câmara havia planejado uma estratégia que acabou não funcionando como esperado. Motta colocou em votação duas cassações – a de Zambelli e a do deputado Glauber – contando que ambos seriam cassados.

“A partir do momento quando Glauber não é cassado e consegue uma suspensão de seis meses, o reflexo dessa vitória da base governista foi o Centrão e os bolsonaristas também permitirem que Carla Zambelli continue como deputada“, explicou a analista.

O Supremo, contudo, tem o entendimento, baseado na Constituição e na Lei da Ficha Limpa, de que não há como Zambelli continuar no cargo. Além das questões legais, há o problema prático: “Como que uma parlamentar vai continuar trabalhando e recebendo o seu salário se não pode comparecer?”, questionou Larissa.

Pressão sobre Hugo Motta

O presidente da Câmara enfrenta agora forte pressão do Centrão, que defende que o Supremo não deveria interferir na decisão do Legislativo. Porém, segundo a analista, “não há outra saída jurídica, institucionalmente falando, que o presidente da Câmara possa seguir, a não ser cumprir uma decisão do Supremo Tribunal Federal”.

A situação complica ainda mais o comando de Motta, que já vem sendo considerado um “presidente fraco” pelos seus pares, conforme apontou Rodrigues. O cumprimento da decisão do STF poderá pesar negativamente na continuidade de sua liderança na Casa.

Até o momento, nem a Câmara nem o Supremo confirmaram oficialmente o horário em que Motta foi notificado da decisão. Como o prazo de 48 horas começa a contar a partir dessa notificação, o presidente da Casa ainda tenta ganhar tempo para definir como agirá diante do impasse institucional.

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