Moraes não quer ‘teses filhotes’ do movimento golpista e mira em filhos de Bolsonaro

A prisão foi decretada para o pai, mas na decisão de Moraes há diversos trechos dedicados aos filhos

Crédito: Rosinei Coutinho/STF

Ao prender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro Alexandre de Moraes deixou claro que não vai permitir que os filhos do ex-presidente continuem reproduzindo os ataques à democracia já condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – em especial as críticas à atuação da Corte. Moraes não quer “teses filhotes” do movimento golpista.

Não é de hoje que Moraes justifica a prisão de Bolsonaro por atitudes dos filhos do ex-presidente. Um dos fatos novos utilizados como argumento pelo ministro para a prisão preventiva deste sábado (22/11) foi a vigília convocada por redes sociais pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na porta do condomínio em que o pai cumpria regime domiciliar, em Brasília (DF).

Inclusive, a prisão domiciliar a que Bolsonaro estava submetido se deu após o ex-presidente falar por celular com manifestantes em Copacabana, no Rio de Janeiro, durante as manifestações no dia 3 de agosto de 2025 e o vídeo ser divulgado em redes sociais por Flávio e outros apoiadores.

A prisão foi decretada para o pai, mas na decisão de Moraes deste sábado, há diversos trechos dedicados aos filhos, demonstrando que o relator está de olho no papel de toda a família. “Primeiro, um dos filhos do líder da organização criminosa, Eduardo Bolsonaro, articula criminosamente e de maneira traiçoeira contra o próprio País, inclusive abandonando seu mandato parlamentar”. Por essa atitude, Eduardo Bolsonaro tornou-se réu em uma ação sobre coação no curso do processo no Supremo.

E o ministro continua o texto analisando o comportamento da família do ex-presidente: “Na sequência, o outro filho do líder da organização criminosa, Flávio Bolsonaro, insultando a Justiça de seu País, pretende reeditar acampamentos golpistas e causar caos social no Brasil, ignorando sua responsabilidade como Senador da República”.

Com esse modo de agir, Moraes não quer que a família de Bolsonaro reedite a estratégia já utilizada em 2022, ainda mais com a proximidade das eleições de 2026. Na avaliação do ministro, ao usar redes sociais contra as instituições e promover aglomerações em locais estratégicos visando o tumulto – como ocorreu nos acampamentos em portas de quartéis e o 8 de janeiro – a família tenta manter vivo o ideário golpista.

O raciocínio do ministro fica claro em trechos da decisão como este: “A Democracia brasileira atingiu a maturidade suficiente para afastar e responsabilizar patéticas iniciativas ilegais em defesa de organização criminosa responsável por tentativa de golpe de Estado no Brasil”.

Por enquanto, no calor da prisão, não está claro se o movimento do Supremo de fato vai inibir os ataques às instituições, ou se apenas vai alimentar a polarização no país em ano pré-eleitoral e até mesmo fortalecer o discurso de Bolsonaro e sua família como perseguidos políticos.

O fato é que não há dúvidas que os filhos de Bolsonaro estão na mira – Eduardo já tem um processo para chamar de seu e Flávio precisa ficar atento, ainda mais em um momento que ele cresce como um dos nomes para suceder ao pai na corrida presidencial.

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