
Com a COP30 em curso em Belém, a urgência por soluções capazes de conter o avanço das mudanças climáticas ganha ainda mais evidência.
Em um cenário em que emissões e clima passaram a orientar decisões de negócio, a bioeconomia surge como caminho concreto para acelerar a transição. Ao transformar matérias-primas renováveis em químicos e materiais, esse setor amplia a oferta de soluções de menor carbono — e se consolida como vetor da descarbonização mundial.
Nesse contexto, o Brasil reúne vantagens competitivas difíceis de replicar: matriz energética majoritariamente limpa, biodiversidade abundante e expertise agroindustrial. Esses elementos combinados formam as bases para que o Brasil lidere a transição rumo a uma economia de baixo carbono, com potencial de gerar impacto ambiental positivo e oportunidades econômicas sustentáveis.
Pegada de carbono negativa: da teoria à prática
Entre as soluções já consolidadas no mercado está o portfólio I’m green™ bio-based, desenvolvido pela Braskem, que há mais de 15 anos investe na produção de biopolímeros em escala industrial. O material é feito a partir do etanol da cana-de-açúcar, uma matéria-prima de origem renovável que absorve CO₂ da atmosfera durante seu crescimento — o que resulta em produtos com pegada de carbono negativa.
De acordo com estudos de análise de ciclo de vida, a produção de 1 tonelada de polietileno renovável I’m green™ bio-based promove a absorção líquida de 2,12 toneladas de CO₂ equivalentes. Desde 2010, o portfólio já removeu 4,6 milhões de toneladas de CO₂ da atmosfera* — o mesmo que um carro comum emitiria ao dar 1 milhão de voltas ao redor da Terra.
Hoje, mais de 200 marcas em todo o mundo utilizam o I’m green™ bio-based em seus produtos e embalagens, reduzindo a pegada de carbono e ampliando a circularidade de suas cadeias produtivas. Quanto maior a adoção de soluções de base renovável, mais expressivos se tornam os resultados de mitigação das emissões globais.
O desafio das políticas públicas
Apesar do potencial já comprovado, a expansão da bioeconomia depende de políticas públicas robustas e integradas, capazes de criar um ambiente regulatório favorável, estimular investimentos em inovação, pesquisa e produção, e principalmente que aumentem a demanda por soluções mais sustentáveis e fortaleçam a oferta no mercado.
Um primeiro passo é o estabelecimento de metas de conteúdo de base biológica. Ao definir percentuais mínimos de uso, governos criam demanda previsível e estabilidade para investidores, acelerando o crescimento de toda a cadeia. O Programa Selo Verde, por exemplo, que tem como objetivo normalizar e certificar produtos e serviços de origem sustentável, pode ser um importante passo para a inserção destes produtos nas compras públicas do nosso país.
Outro ponto crítico é o custo de aquisição de biomassa, que ainda limita a competitividade de alguns bioprodutos. Incentivos fiscais, linhas de crédito verdes e mecanismos de precificação de carbono poderiam reduzir essa barreira e democratizar o acesso às tecnologias limpas.
Além disso, é essencial fortalecer programas de pesquisa e desenvolvimento (P&D). O Brasil conta com centros de excelência científica e capacidade técnica reconhecida, mas precisa ampliar a conexão entre universidades, indústrias e governo, criando condições para o avanço de novos materiais e aplicações. A diversificação das biomassas — indo além dos biocombustíveis — também amplia a resiliência e o alcance da bioeconomia nacional.
COP30 e o papel das NDCs
No contexto da COP30, uma medida ganha destaque: a inclusão dos produtos de base renovável nos inventários que compõem as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) — metas climáticas que cada país apresenta à ONU.
Ao incorporar oficialmente esses materiais nos compromissos de descarbonização, os governos reconhecem seu potencial de absorção de carbono, estimulam a inovação e valorizam cadeias produtivas de menor impacto ambiental. Essa inclusão também envia um sinal claro ao mercado: materiais de origem renovável são prioridade nas estratégias nacionais de enfrentamento às mudanças climáticas.
Com isso, investidores, indústrias e consumidores passam a atuar de forma mais alinhada, gerando um círculo virtuoso de adoção, escala e impacto positivo.
Brasil como protagonista
Com recursos naturais abundantes, domínio tecnológico e experiência acumulada em bioenergia, o Brasil tem condições de se consolidar como protagonista da bioeconomia global.
A trajetória da Braskem é um exemplo de como a inovação em materiais pode contribuir para esse futuro: com o I’m green™ bio-based, a companhia brasileira se tornou líder mundial na produção de biopolímeros, mostrando que é possível unir competitividade industrial e benefícios ambientais.
Agora, com o avanço de novos projetos e parcerias estratégicas, a Braskem amplia sua liderança em renováveis e reforça o papel do Brasil na construção de um futuro mais sustentável, no qual a bioeconomia e a ciência são motores centrais da descarbonização.




