
O almirante Alvin Holsey, chefe do comando militar responsável pelas operações dos Estados Unidos na América Latina, vai deixar o cargo e irá se aposentar em meio à escalada de tensões na Venezuela. A informação foi confirmada pelo secretário de Guerra, Pete Hegseth, nesta quinta-feira (16)
Segundo o jornal The New York Times, a aposentadoria de Holsey está relacionada a tensões políticas sobre a Venezuela. O almirante teria levantado preocupações sobre os bombardeios que os EUA vêm conduzindo contra barcos que supostamente transportam drogas pelo Caribe.
Esses ataques têm sido alvo de críticas de entidades internacionais. A Human Rights Watch afirmou que os bombardeios violam o direito internacional por se tratar de “execuções extrajudiciais ilegais”. O tema também foi discutido no Conselho de Segurança da ONU.
A saída do almirante foi classificada como “inesperada” pela imprensa americana. Holsey chefiava o Comando Sul dos EUA desde o fim do ano passado. Segundo a Reuters, é comum que militares permaneçam na função por pelo menos três anos.
Em uma rede social, o secretário Pete Hegseth agradeceu a Holsey e afirmou que o almirante se aposentaria no fim deste ano.
“O mandato dele como vice-comandante militar e agora como comandante do Comando Sul dos EUA reflete um legado de excelência operacional e visão estratégica. O Departamento agradece ao almirante Holsey por suas décadas de serviço ao nosso país”, afirmou.
O Departamento de Guerra não deu detalhes sobre os motivos da saída de Holsey. O New York Times publicou que autoridades do Pentágono disseram que os elogios de Hegseth ao almirante nas redes sociais “mascaram tensões políticas reais” entre os dois sobre a Venezuela.
Desde setembro, os EUA atacaram ao menos cinco barcos que cruzavam águas internacionais na região do Caribe. Ao todo, 27 pessoas morreram.
Embora a Casa Branca alegue que conduz uma operação contra o tráfico de drogas, autoridades afirmaram à imprensa americana que o objetivo final é derrubar o governo de Nicolás Maduro, na Venezuela.
Atualmente, oito navios militares e um submarino nuclear dos Estados Unidos estão em uma área próxima à costa da Venezuela. Além disso, o governo norte-americano enviou caças para Porto Rico, que também fica no Caribe.
Na quarta-feira (15), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ter autorizado operações secretas da CIA em território venezuelano e disse estar estudando ataques terrestres contra cartéis de drogas do país.
Mais cedo, o jornal The New York Times informou que as ações da CIA podem incluir “operações letais” e outras iniciativas da inteligência americana no Caribe. Com isso, os alvos poderiam ser o presidente Nicolás Maduro e integrantes do governo venezuelano.
Trump disse que autorizou as operações na Venezuela porque o país teria enviado drogas e criminosos para os Estados Unidos. Ao ser perguntado se agentes de inteligência teriam autoridade para eliminar o presidente venezuelano, ele preferiu não responder.
Além disso, o presidente defendeu as operações militares em andamento nas águas do sul do Caribe, afirmando que “cada barco detonado pelos militares, salva 25 mil vidas de americanos”. Ele não apresentou evidências para sustentar esses dados.
O bombardeio mais recente foi autorizado na terça-feira (14), quando militares atingiram um barco em águas internacionais próximas à costa da Venezuela. Seis pessoas morreram.