Governo Trump prende 475 imigrantes que trabalhavam em fábrica da Hyundai 

 Foto: AP Photo/Mike Stewart, File

Autoridades de imigração prenderam 475 trabalhadores em uma fábrica de baterias de automóveis da Hyundai, no estado da Geórgia, nos Estados Unidos, na noite desta quinta-feira (4).

A notícia foi confirmada nesta sexta-feira (5) pelo governo Trump, que afirmou que muitos dos presos não estavam autorizados a trabalhar no país e tinham apenas vistos temporários para turismo e viagens de negócios.

Segundo um comunicado emitido pelo porta-voz do Departamento de Segurança Interna dos EUA, os agentes do ICE executaram mandados de busca autorizados pela Justiça, por práticas ilegais de emprego e outros supostos crimes federais. Também foi revelado que há uma investigação federal em andamento.

“Esta operação ressalta nosso comprometimento em proteger empregos para os georgianos, garantindo igualdade de condições para empresas que cumprem a lei, salvaguardando a integridade de nossa economia e protegendo os trabalhadores da exploração”, diz o documento.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um homem usando um colete com as letras HSI – sigla para Homeland Security Investigations – dizendo aos trabalhadores: “Temos um mandado de busca para todo o local. Precisamos que a construção cesse imediatamente. Precisamos que todo o trabalho no local termine agora mesmo

O Departamento de Justiça dos EUA, em um comunicado, afirmou que várias pessoas tentaram fugir durante a operação. Algumas tiveram que ser resgatadas de um lago de esgoto no local.

Após a divulgação da operação, a porta-voz da Casa Branca, Abigail Jackson, disse que o governo americano seguirá aplicando as leis que exigem que trabalhadores estrangeiros tenham autorização adequada para estar nos Estados Unidos.

“Todos os trabalhadores estrangeiros trazidos para projetos específicos devem entrar nos Estados Unidos legalmente e com as devidas autorizações de trabalho. O presidente Trump continuará cumprindo sua promessa de tornar os Estados Unidos o melhor lugar do mundo para se fazer negócios, ao mesmo tempo em que aplicará as leis federais de imigração”, declarou.

O Partido Democrata da Geórgia condenou a operação, classificando-a como parte de “táticas de intimidação politicamente motivadas, projetadas para aterrorizar pessoas que trabalham duro para sobreviver, impulsionam nossa economia e contribuem para as comunidades da Geórgia nas quais se estabeleceram”.

A ação, a maior de fiscalização em um único local na história do Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), é mais um capítulo da escalada do governo do presidente Donald Trump em sua repressão aos imigrantes.

As detenções interromperam as obras que estavam ocorrendo na fábrica, que é um dos maiores investimentos da montadora coreana nos EUA.

As prisões podem agravar as tensões entre Washington e Seul, um importante aliado e investidor dos EUA. Os países têm se desentendido sobre os detalhes de um acordo comercial que inclui US$ 350 bilhões em investimentos. Em uma cúpula no mês passado, a Coreia do Sul prometeu US$ 150 bilhões em investimentos nos EUA – incluindo US$ 26 bilhões da Hyundai Motor.

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul, país de origem da Hyundai, lamentou o caso e mostrou preocupou com a operação: “As atividades econômicas de nossas empresas que investem nos Estados Unidos e os interesses de nossos cidadãos não devem ser indevidamente violados durante a aplicação da lei americana”.

O porta-voz do ministério, Lee Jaewoong, descreveu o número de sul-coreanos detidos como “grande”, embora não tenha fornecido um número exato, e disse que os trabalhadores detidos faziam parte de uma “rede de subcontratados” que trabalhavam para diversas empresas diferentes no local.

Steven Schrank, agente especial responsável pelas investigações que levaram às detenções na Geórgia, afirma que a maioria das 475 pessoas são cidadãos coreanos. Porém, de acordo com a mídia sul-coreana, cerca de 300 dos detidos são cidadãos do país.

Uma autoridade do governo sul-coreano afirmou à agência de notícias Reuters que os trabalhadores estão em um centro de detenção do ICE.

Um porta-voz da parceira da Hyundai na joint venture de baterias, a fabricante sul-coreana de baterias LG Energy Solutions, afirmou em comunicado que a empresa está cooperando com as autoridades.

“Acreditamos que nenhum dos detidos é funcionário direto da Hyundai Motor Co. Priorizamos a segurança e o bem-estar de todos que trabalham no local e cumprimos todas as leis e regulamentos onde quer que operemos”, afirmou um porta-voz da montadora de carros sul-coreana.

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