
Por De Cara com as Feras
Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, está oficialmente sob prisão domiciliar. Para muitos, pode parecer apenas mais uma medida cautelar, mas na prática, é a confirmação do que se desenhava há tempos: quem afronta sistematicamente a Constituição e as instituições do país, um dia enfrenta as consequências legais.
Não foi o ministro Alexandre de Moraes que forçou essa prisão. Foi o próprio Bolsonaro que construiu, passo a passo, esse desfecho. Desde os tempos de deputado federal, sua trajetória política foi marcada por confrontos, discursos inflamados e ataques constantes — ao Judiciário, ao Congresso, ao Executivo, à imprensa e à própria democracia. Sempre provocou, sempre tensionou.
Histórico de agressão
Durante seu governo, alimentou uma base radicalizada, hoje representada em nomes como o deputado Nikolas Ferreira, o pastor Silas Malafaia e seus próprios filhos. Todos continuam ecoando as falas de confronto e desinformação, atacando ministros do STF, o sistema eleitoral e qualquer um que não siga a cartilha do “mito”.
Mas o Brasil tem leis
A Constituição de 1988 é clara: os poderes são independentes, mas o Judiciário tem a obrigação de agir quando há quebra da legalidade. E foi o que Moraes fez. Não por perseguição, mas por dever de ofício. Se não agisse, seria a Justiça que estaria em descrédito.
Bolsonaro não foi vítima. Foi agente do caos institucional. Usou a máquina pública para se proteger, tentou minar as urnas, ameaçou o processo democrático e apostou que nunca seria cobrado. Errou.
Com a prisão — ainda que domiciliar —, se inicia um novo capítulo. O Brasil segue polarizado, é verdade, mas as instituições estão firmes. E isso, mais do que tudo, mostra que ninguém está acima da lei.
E qual será mesmo o preço a ser pago?
A prisão domiciliar de Bolsonaro simboliza um momento delicado para a direita no Brasil. Com a direita enfraquecida e dividida, a liderança política parece cada vez mais fragilizada, enquanto Lula desponta à frente em todas as pesquisas, consolidando sua posição para as próximas eleições. Surge a hipótese de que parte da direita pode ter contribuído para esse enfraquecimento, num típico “fogo amigo” diferido, onde integrantes do próprio campo político acabam minando suas forças internas.
Em resumo, a direita brasileira enfrenta um momento de introspecção e reestruturação, enquanto Lula capitaliza essa fragilidade para ampliar sua vantagem política. O jogo está longe de terminar, e os próximos meses serão decisivos para o rumo do país.
Por| Alenilton Malta
