Qual o verdadeiro sentido deste julgamento?

O Brasil assiste a mais um capítulo tenso da sua história recente, com o acirramento entre o Judiciário e setores da direita radical, alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A iminência do julgamento dos responsáveis pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — uma tentativa fracassada de subversão da ordem democrática — reacende os ânimos e escancara a tentativa de setores conservadores de pressionar as instituições.

Nos bastidores do poder, uma ofensiva coordenada tem mirado diretamente o Supremo Tribunal Federal (STF), exigindo a anistia dos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes. Pressionam também a Câmara dos Deputados, em um movimento que visa não apenas aliviar a barra de manifestantes extremistas, mas sobretudo tentar blindar Jair Bolsonaro de sua própria responsabilidade penal.

O que se observa é uma tentativa de criar instabilidade e tumulto institucional às vésperas de um julgamento decisivo. A sorte da democracia brasileira, até aqui, foi a inabilidade dos próprios golpistas em levar adiante seu plano nefasto. Mas isso não reduz a gravidade do ocorrido.

Setembro se aproxima com a expectativa do julgamento que pode determinar, enfim, a prisão do ex-presidente. As pressões atuais — como o desgaste da imposição de tornozeleira eletrônica ou a insistência na narrativa de perseguição política — têm o claro objetivo de deslegitimar o processo judicial e influenciar a opinião pública.

Essa tentativa de criar um ambiente de comoção e impunidade precisa ser denunciada. O Brasil não pode aceitar que o debate sobre justiça seja sequestrado por interesses políticos de quem atentou contra a democracia. Os crimes cometidos não foram simples manifestações: foram atos articulados, com intenção golpista, cujas consequências poderiam ter sido devastadoras se levadas a cabo com competência.

Em um país onde o crime e a justiça se confundem, perde-se a confiança nas instituições. Mas se a lei valer para todos — inclusive para os poderosos — ainda há esperança de uma democracia sólida e respeitada.

O que se espera agora é serenidade, firmeza das instituições e vigilância da sociedade. Porque não há estabilidade possível sem justiça. E não há justiça verdadeira sem responsabilização. O Brasil precisa seguir em frente — mas com a verdade e a justiça ao lado.

Por| Alenilton Malta

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