Frigoríficos de MS paralisam produção de carne destinada aos EUA após tarifaço de Trump

 Foto: Reprodução/TV Morena

Frigoríficos de Mato Grosso do Sul suspenderam a produção de carne destinada aos Estados Unidos após Trump anunciar tarifa extra de 50% sobre produtos brasileiros.

Segundo o vice-presidente do sindicato, Alberto Sérgio Capucci, a paralisação apenas para o mercado norte-americano é uma medida logística para evitar o acúmulo de estoques de carne que não seriam vendidos. Com a nova taxação, as exportações para os EUA ficaram inviáveis financeiramente, se não houver negociação.

“A produção de carne foi paralisada apenas naqueles setores específicos para produção aos EUA. Se eu produzir e enviar carne hoje, a carga chegará aos EUA já com a tributação adicional. A taxação causou inviabilidade financeira para os produtores”, explicou Capucci.

Pelo menos quatro frigoríficos no estado interromperam a produção voltada ao mercado americano, segundo o sindicato. São eles:

  • JBS
  • Naturafrig
  • Minerva Foods
  • Agroindustrial Iguatemi

Apenas o frigorífico Naturafrig se pronunciou sobre a paralisação. Segundo a empresa, cerca de 5% da produção é destinada aos Estados Unidos.

A Associação Brasileira de Exportadores de Carne (Abiec) informou que houve uma redução significativa no fluxo de produção da carne voltada ao mercado norte-americano. Leia a nota da entidade na íntegra mais abaixo.

O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, informou que os frigoríficos suspenderam os abates de animais destinados à produção de carne para os Estados Unidos. Além da paralisação, o acúmulo de carne estocada preocupa empresários e o governo.

“Têm um volume de carne estocada que deveria ir para o mercado americano, mas que não tem mais tempo de chegar até o dia 1º de agosto. Com isso, eles [frigoríficos] passam a ajustar suas escalas de produção para buscar a relocação desse produto. Temos, então, um aumento de estoque da carne que seria direcionada aos Estados Unidos”.

Diante do impasse, a pergunta que fica é: onde esse produto pode ser realocado? Verruck comenta que Chile e Egito podem ser novos mercados de Mato Grosso do Sul.

Paralisação é estratégica, diz sindicato

Capucci explica que a suspensão das atividades neste momento é estratégica. Isso porque os embarques levam cerca de 30 dias para chegarem ao mercado americano. Como a nova tarifa começa a valer a partir de 1º de agosto, cargas enviadas agora já seriam taxadas com o adicional.

Em 2025, a carne bovina desossada e congelada foi o principal produto exportado por Mato Grosso do Sul aos Estados Unidos, somando 45,2% do total e movimentando mais de US$ 142 milhões, de acordo com dados da Federação das Indústrias do estado (FIEMS).

No ano anterior, em 2024, esse tipo de carne ficou em segundo lugar nas exportações do estado para os EUA, com 27,8% e cerca de US$ 78 milhões.

Vendas brasileiras aos EUA ficam inviáveis

Uma queda nas vendas não seria algo desprezível para os frigoríficos brasileiros. Os EUA são o segundo maior comprador da carne bovina nacional, depois da China: eles importam 12% de todo o volume que o Brasil vende para o exterior, enquanto os chineses levam praticamente metade (48%), segundo o Ministério da Agricultura.

A tendência é que os frigoríficos brasileiros se direcionem ainda mais para o mercado asiático, avalia Fernando Henrique Iglesias, analista do Safras & Mercados.

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