Brasil, até quando vai negligenciar a vida das mulheres?

O Brasil assiste, ano após ano, a um verdadeiro massacre silencioso. Mulheres seguem sendo mortas, violentadas, apagadas. O nome disso é feminicídio — um crime que escancara o fracasso da sociedade e do Estado em proteger metade da população brasileira.

Desde a criação da Lei Maria da Penha, em 2006, e da tipificação do feminicídio no Código Penal em 2015, esperava-se que o Brasil trilhasse um caminho de justiça e proteção. Mas o que vemos é o oposto: números alarmantes e uma justiça omissa. As leis existem no papel, mas a aplicação é frágil, morosa e seletiva.

Quem mais morre? As mulheres negras, pobres e periféricas. São elas as maiores vítimas dessa violência extrema. E são também as menos ouvidas, as menos protegidas e, quando assassinadas, muitas vezes nem sequer têm seu caso investigado como feminicídio.

Falta muito

A negligência começa cedo: falta delegacia da mulher com funcionamento pleno, falta abrigo seguro, falta psicóloga, falta promotora, falta juíza que entenda o que é viver sob ameaça. Falta tudo — exceto estatística. Os números, esses, crescem ano após ano.

E onde está o Estado? Onde está o Judiciário que deveria proteger, punir e garantir que uma mulher não morra por ser mulher? Onde está o Legislativo que deveria fortalecer essas leis e criar mecanismos de proteção eficazes? Onde está o Executivo, que deveria investir em políticas públicas robustas para enfrentar essa guerra?

A verdade é dura, mas precisa ser dita: o Brasil é negligente com suas mulheres. Elas ganham menos que os homens em todos os setores. Têm menos acesso a cargos de liderança. São sub-representadas na política. São julgadas pela roupa, pelo tom de voz, pelo comportamento. E quando são vítimas, ainda ouvem: “o que você fez para provocar?”

Estamos cansados de campanhas publicitárias vazias em março. Cansados de discursos emocionados em agosto. O que o Brasil precisa é de justiça, de proteção real, de punição exemplar. O que o Brasil precisa é parar de naturalizar o feminicídio como se fosse mais um dado no noticiário.

A vida das mulheres não pode ser estatística.

É hora de gritar, Brasil: basta de negligência!
Basta de ver nossas mães, filhas, irmãs e amigas tombando diante da covardia, da omissão e do machismo estrutural.
Ou o país enfrenta isso de frente — ou continuará sendo cúmplice desse genocídio silencioso.

Por| Alenilton Malta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

11 + vinte =