Integração frágil entre áreas como saúde, educação, assistência e agricultura enfraquece resultados e aumenta vulnerabilidades

Por Alenilton Malta

Apesar dos avanços na formulação de políticas públicas no Brasil, a ausência de intersetorialidade continua sendo um dos maiores entraves para a efetividade de programas sociais em diversas regiões do país. A falta de articulação entre áreas como assistência social, saúde, educação, segurança alimentar e agricultura familiar compromete a oferta integral de direitos às populações em situação de vulnerabilidade.

O conceito de intersetorialidade parte da premissa de que nenhum problema social é isolado. A fome, por exemplo, não é apenas uma questão de renda: ela envolve acesso à terra, educação nutricional, segurança alimentar, saúde pública e logística de distribuição. No entanto, programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Bolsa Família e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) muitas vezes operam de forma fragmentada, com pouca troca de informações e estratégias conjuntas entre os setores envolvidos.

Um retrato do problema

No interior da Bahia, equipes técnicas do CRAS relatam dificuldades recorrentes em encaminhar beneficiários para ações em outras áreas. “O agricultor familiar é atendido na assistência social, mas não conseguimos articular com a Secretaria de Agricultura para inseri-lo no PAA com facilidade. Cada setor atua como se fosse uma ilha”, explica uma assistente social em uma cidade do recôncavo baiano que prefere não se identificar.

O mesmo ocorre com famílias em situação de insegurança alimentar. Muitas não têm acesso a atendimentos na saúde que garantam o acompanhamento nutricional, e as escolas nem sempre estão integradas para identificar esses casos de forma preventiva.

Impactos diretos

A falta de diálogo entre setores gera sobreposição de ações, gastos duplicados, baixa cobertura e até abandono de beneficiários. Segundo especialistas, o desperdício de recursos públicos é uma consequência direta dessa desarticulação.

“Você tem uma política de segurança alimentar funcionando ao lado de uma política de saúde, mas sem conexão. O resultado é que os indicadores de desnutrição infantil, por exemplo, não melhoram, porque a atuação é pontual, e não sistêmica”, analisa o sociólogo e pesquisador Marcos Oliveira, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Caminhos possíveis

A solução passa pela criação de comissões intersetoriais, integração de sistemas de dados e formação continuada de gestores públicos com foco em articulação de políticas. Além disso, a escuta ativa das comunidades é essencial para mapear as reais necessidades e reduzir a burocracia.

“A intersetorialidade não é só uma boa prática: ela é uma condição para garantir direitos de forma plena e eficiente”, reforça a professora e pesquisadora da área de políticas públicas, Luciana Dias.

Mudar de rota urgente

Enquanto isso, milhares de famílias continuam a transitar por serviços públicos que não conversam entre si, à espera de uma assistência que, embora esteja no papel, não chega de forma articulada na prática.

Esperamos respostas das secretarias em toda região o espaço esta aberto

O site de Cara com as feras espera que as secretarias entre em contato com a redação e justifique a falta de intersetorialidade em suas áreas ou também caso tenha apresente como funciona