Corpo de guia de turismo morto durante operação policial em Caraíva é exumado

Foto: Reprodução/Redes Sociais

O corpo do guia turístico Victor Cerqueira Santos Santana, de 28 anos, que morreu durante uma operação policial, em Caraíva, distrito turístico localizado em Porto Seguro, no extremo sul do estado, foi exumado na manhã deste sábado (24), no Cemitério municipal de Itabela.

Segundo a defesa da família de Victor Cerqueira, a exumação foi autorizada pela Justiça após solicitação do Ministério Público da Bahia (MP-BA), que instaurou um Procedimento Investigativo Criminal (PIC) para apurar, de forma independente, as circunstâncias da morte de Victor.

Ainda segundo a defesa da família do guia de turismo, a realização do procedimento tem como objetivo aprofundar a perícia sobre a causa da morte e esclarecer a dinâmica da ação policial.

Os restos mortais foram levados para a Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Eunápolis, onde será feita uma nova análise técnico-científica, para verificar possíveis contradições na versão oficial.

Relembre o caso

Victor Cerqueira Santos Santana foi baleado em uma ação que envolveu as polícias Militar e Federal no dia 10 de maio e tinha como objetivo cumprir o mandado de prisão contra um homem conhecido como Alongado, suspeito de liderar uma facção criminosa em Caraíva. Alongado resistiu a prisão, foi baleado e morreu.

Vitinho, como o guia de turismo era conhecido na região, foi apontado como “segurança” de Alongado. No entanto, familiares de Victor Cerqueira acreditam que ele tenha sido confundido com outro homem. Os parentes do guia explicam que ele e o suspeito compartilhavam o mesmo apelido: Vitinho.

Veja abaixo o que se sabe sobre o caso:

1. Como o guia de turismo Victor Cerqueira foi morto?
2. Como foi a ação policial?
3. O que aponta o atestado de óbito?
4. O que os familiares do guia de turismo contestam?
5. Como o caso é investigado?
6. O que falta esclarecer?

1. Como o guia de turismo Victor Cerqueira foi morto?

Victor Cerqueira morreu após ser baleado durante uma operação das Polícias Militar e Federal, em Caraíva. A ação tinha o objetivo de cumprir o mandado de prisão contra um homem conhecido como Alongado, que era suspeito de liderar uma facção criminosa no distrito.

A polícia informa que Alongado resistiu a prisão e foi baleado. Ele não resistiu aos ferimentos. Já o guia de turismo, conhecido na região como Vitinho, foi apontado como “segurança” de Alongado.

Na primeira nota enviada, a SSP-BA afirmou que Victor também foi baleado e morreu em via pública. Um terceiro homem, que não teve o nome divulgado, foi preso durante a operação.

2. Como foi a ação policial?

Segundo relato de moradores e da família de Vitinho, a ação ocorreu por volta das 18h do último sábado (10), horário em que o guia de turismo havia saído da pousada onde trabalhava para buscar um grupo de turistas na balsa que dá acesso a Caraíva. De lá, seguiria com os turistas até a hospedagem.

Após buscar os turistas, ainda próximo à balsa, Vitinho teria notado a ação policial e entrado em um comércio. O objetivo era que o grupo ficasse protegido até a ação policial terminar.

Ainda de acordo com a família, o guia de turismo saiu do comércio para verificar se o clima já havia melhorado e se já era possível levar os turistas até a pousada. Neste momento, ele teria sido abordado por policias, algemado e levado para fora de Caraíva.

Na versão da polícia, houve resistência no cumprimento do mandado de prisão do chefe do tráfico de drogas e foi iniciado um confronto entre suspeitos e os policiais.

Em nota, a SSP-BA disse que a ocorrência é investigada pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar, como determina o procedimento em casos de morte em confronto com agentes do estado.

O atestado de óbito de Vitinho indica que ele morreu em via pública, em Caraíva, às 18h. Também aponta que a causa da morte foi “politraumatismo toráxico, choque hemorrágico e projétil de arma de fogo”.

Mas a família traz outra versão. Os parentes contam que Vitinho foi levado pelos policiais, torturado e morto. Eles ressaltam que o rosto do jovem estava desfigurado e havia marcas de algemas nos pulsos e arranhões nos joelhos.

A PF e a SSP-BA foi questionada se houve algum confronto direto que pudesse explicar o politraumatismo toráxico e o choque hemorrágico descritos no atestado de óbito. Na nota enviada pela SSP-BA, o questionamento não foi respondido. 

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