
O rendimento médio de todas as fontes dos brasileiros foi de R$ 3.057 em 2024, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (8). Esse é o maior número já registrado em toda série histórica, superando o recorde de 2014 (R$ 2.974).
O cálculo desses valores é feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. O levantamento analisa informações sobre os rendimentos provenientes de todos os trabalhos e de outras fontes.
Em 2024, 66,1% do total de pessoas residentes no Brasil (equivalente a 143,4 milhões pessoas) possuíam algum tipo de rendimento. No ano anterior, eram 64,9%.
Esses rendimentos podem ser de trabalho, ou outras fontes como:
- Aposentadoria e pensão;
- Aluguel e arrendamento;
- Pensão alimentícia, doação e mesada de não morador;
- Programas sociais do governo federal (BPC-LOAS, Bolsa Família, entre outros);
- Outros rendimentos, como: seguro desemprego e seguro defeso, rentabilidade de aplicações financeiras, bolsas de estudos, direitos autorais, exploração de patentes, entre outros.
Segundo o analista do IBGE, Gustavo Geaquinto Fontes, o crescimento do rendimento médio de todas as fontes foi impulsionado principalmente pela renda de trabalho. O especialista analisa que embora a renda do trabalho tenha avançado, a participação na renda per capita aumentou pouco.
“Apesar de programas sociais importantes do governo terem contribuído para esse crescimento, a renda do trabalho foi fundamental para o aumento de todas as fontes de renda, ampliando sua participação no rendimento domiciliar”, completa Fontes.
O rendimento médio mensal real do trabalho no Brasil alcançou o maior valor já registrado na série histórica: R$ 3.225. O aumento representa uma alta de 3,7% em relação a 2023, que já havia mostrado um crescimento expressivo de 7,2%.
Já o valor médio de outras fontes, como aposentadoria, pensão, aluguel e programas sociais, permaneceu praticamente inalterado em relação ao ano anterior, sendo estimado em R$ 1.915.
Pessoas que declararam receber outros tipos de rendimentos, como seguro-desemprego, rentabilidades de aplicações financeiras ou bolsas de estudos, tiveram um valor médio de R$ 2.135, o mais elevado da série histórica para essa categoria.
Comparado a 2023 (R$ 1.907), houve um crescimento de 12%. Um destaque é o crescimento dos rendimentos de programas sociais do governo, que atingiram R$ 836 em 2024, o maior da série histórica.
Isso representa um aumento de 2,2% em comparação a 2023 (R$ 818), que até então detinha o maior valor. Em relação a 2019 (R$ 484), o crescimento foi de 72,7% no país.
Por fim, há uma grande diferença no rendimento médio de todas as fontes entre os estados. O menor valor foi registrado no Maranhão, com R$ 1.078, enquanto o maior foi no Distrito Federal, com R$ 3.276 — uma diferença de R$ 2.198.
Os estados das regiões Norte e Nordeste tiveram os menores rendimentos em 2024, enquanto os estados do Sul e do Sudeste são a maioria entre aqueles que tiveram os maiores.
População que recebe programas sociais do governo cresce em 2024
Outro destaque da PNAD Contínua divulgada nesta quinta-feira (8) foi o aumento na proporção de pessoas residentes no país que recebem programas sociais do governo.
Segundo o IBGE, esse percentual atingiu os 9,2% dos brasileiros em 2024 — um aumento de 0,6 ponto percentual (p.p.) em relação a 2023 e de 2,9 p.p. em comparação a 2019, período pré-pandemia.
O levantamento mostra, também, um aumento significativo do valor médio dos rendimentos provenientes de programas sociais do governo, para R$ 836 — o maior valor da série histórica.
O resultado ainda representa um crescimento de 2,2% em comparação a 2023 e de 72,7% em relação a 2019.
De acordo com o analista do IBGE, Gustavo Geaquinto Fontes, parte da explicação para essa diferença entre o rendimento visto em 2019 em relação ao ano passado está na pandemia e no contexto político e macroeconômico vivido pelo país nos últimos anos.
Na pandemia, quando inúmeras empresas precisaram fechar as portas ou paralisar suas operações, houve um drástico aumento na taxa de desemprego — que atingiu 13,3% no segundo trimestre de 2020 — e a criação de auxílios do governo para ajudar os trabalhadores afetados.
Entre os principais programas criados estavam o Auxílio Emergencial e o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), por exemplo, além do próprio Bolsa Família — que ficou em vigor até 2021, quando foi substituído pelo Auxílio Brasil.
País mostra melhora no índice de desigualdade
Por fim, o IBGE também trouxe a medição do Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita alcançou o menor valor da série histórica em 2024, com queda em todas as grandes regiões do país exceto o Sul.
- 🔎O Índice de Gini é uma forma de medir se a distribuição de renda de uma região é justa ou desigual. Nessa medida, quanto mais próximo de 1 for o índice, maior é a desigualdade na região avaliada. Da mesma forma, quanto mais próximo de 0 for o índice, mais justa é a região avaliada.
De acordo com o instituto, alguns dos fatores que ajudam a explicar essa melhora são:
- o maior dinamismo do mercado de trabalho nos últimos anos, com um maior nível de ocupação e crescimento do rendimento médio do trabalho;
- os reajustes no salário mínimo; e
- o recebimento de benefícios de diferentes programas sociais do governo.
Mesmo com a melhora do índice em 2024, no entanto, o país segue bastante desigual. Segundo Fontes, os maiores rendimentos do país recebiam, em média, 13,4 vezes mais do que os 40% da população com os menores rendimentos em 2024.
“Houve um aumento do rendimento médio domiciliar per capita e houve uma melhoria na distribuição. Mas o Brasil ainda está, inegavelmente, bastante desigual se compararmos com diferentes indicadores”, conclui.