EUA voltam a atacar Houthis, e mortes chegam a 53; secretário de Defesa fala em ação ‘implacável’

 Foto: AP

Os Estados Unidos realizaram novos ataques aéreos contra os Houthis no Iêmen nesta segunda-feira (17), informou a TV Al Masirah, ligada ao grupo rebelde.

O ataque desta segunda faz parte de um ataque em larga escala contra os Houthis ordenado no sábado (15) pelo presidente dos EUA, Donald Trump. O número de mortes causadas pelos bombardeios americanos subiu para 53 nesta segunda-feira.

A investida é a maior operação militar dos EUA no Oriente Médio desde o retorno de Trump à Casa Branca, e aumenta a pressão sobre o grupo aliado ao Irã para a interrupção de ataques a navios cargueiros no Mar Vermelho.

O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou no domingo (16) em entrevista à TV “Fox News” que a ação militar contra os Houthis será “implacável” e vai acabar apenas quando o grupo rebelde se desmobilizar completamente.

“No momento em que os houthis disserem ‘Pararemos de atirar contra seus navios’, ‘Pararemos de atirar contra seus drones’, a campanha se encerra. Até lá, ela será implacável. Trata-se de colocar um fim nos disparos contra ativos naquela hidrovia tão importante, para retomar a liberdade de navegação, que é um interesse nacional central dos Estados Unidos, e o Irã tem capacitado os houthis por tempo demais. É melhor eles recuarem”, disse Hegseth.

Os ataques dos EUA no Iêmen podem continuar por semanas, segundo um oficial americano ouvido pela agência de notícias Reuters. A ação ocorre em um momento em que Washington intensifica sanções contra o Irã para tentar pressionar o país a negociar seu programa nuclear.

O gabinete político dos Houthis descreveu os ataques dos Estados Unidos contra o grupo como um “crime de guerra” e disse que as forças armadas do Iêmen estão “totalmente preparadas para responder à escalada com escalada“.

Um porta-voz dos Houthis, Yahya Sarea, afirmou nesta segunda-feira que o grupo realizou um segundo ataque contra o porta-aviões americano Harry Truman com mísseis balísticos e de cruzeiro, que teria forçado caças americanos a recuarem. No entanto, Sarea não forneceu comprovação do ataque. O Exército americano não reportou ataque iemenita contra suas forças.

A Rússia e a China pediram a suspensão dos ataques aos Houthis. O ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, afirmou ao secretário de Estado americano, Marco Rubio, no telefone que é necessário evitar derramamento de sangue. Já a China afirmou “se opor a qualquer ação que agrave a situação no Mar Vermelho”, segundo o ministério das Relações Exteriores.

Em outubro de 2023, após o início da guerra entre o Hamas e Israel, o grupo rebelde começou a atacar navios militares e comerciais em um dos corredores de navegação mais movimentados do mundo. Os alvos eram embarcações de Israel e de seus aliados — em especial os Estados Unidos e o Reino Unido —, alegando solidariedade aos palestinos.

Desde então, mais de 100 ataques foram realizados contra navios mercantes e militares. Dois deles afundaram, e quatro marinheiros foram mortos. As ofensivas foram interrompidas com o atual cessar-fogo em Gaza, que entrou em vigor em janeiro.

Mas, na quarta-feira (12), os Houthis anunciaram que voltariam a abrir fogo, depois de Israel interromper a ajuda humanitária a Gaza para pressionar o Hamas durante as negociações do cessar-fogo.

A ofensiva focaria nos mares Vermelho e Arábico, pelo Estreito de Bab al-Mandab e pelo Golfo de Áden, rotas que vão da Índia até o Egito e ligam a Ásia à África.

“Esses ataques incessantes custaram aos EUA e à economia mundial bilhões de dólares enquanto, ao mesmo tempo, colocavam vidas inocentes em risco”, disse Trump no sábado ao anunciar os ataques aéreos em uma postagem nas redes sociais.

O avanço dos Houthis contra navios americanos tem provocado os combates mais intensos da marinha americana desde a Segunda Guerra Mundial.

Os Estados Unidos, sob a administração de Joe Biden, assim como Israel e o Reino Unido, já haviam atacado áreas controladas pelos Houthis no Iêmen em ocasiões anteriores. Mas um oficial dos EUA afirmou que a operação mais recente foi conduzida exclusivamente pelos EUA.

Trump afirmou que os ataques visavam “proteger o transporte marítimo americano, os ativos aéreos e navais, e restaurar a liberdade de navegação”.

O foco de Trump nos Houthis e em seus ataques sucessivos chamou a atenção para o grupo, que enfrenta pressões econômicas e políticas em meio à guerra no Iêmen, estagnada há mais de uma década e que devastou a nação árabe mais pobre do mundo.

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