Dólar tem queda no dia, mas fecha 2024 com alta de 27%, a R$ 6,17; Ibovespa recua 10% no ano

Foto: Murad Sezer/ Reuters

O dólar fechou em queda nesta segunda-feira (30), o último pregão do ano, depois de uma nova intervenção do Banco Central (BC). Apesar do resultado, a moeda fechou 2024 com uma alta de 27,35% em relação ao real, a R$ 6,17.

Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3opera em alta no dia, mas caminha para um recuo acima de 10% no ano.

Após oscilar durante a manhã, a moeda norte-americana subiu no início da tarde desta segunda e chegou a bater R$ 6,24. O BC, então, realizou um novo leilão de dólares, com a venda de US$ 1,815 bilhão à vista.

Os leilões de dólar do Banco Central são uma ferramenta de regulação do mercado de câmbio e servem para aumentar a oferta de dólares disponíveis — o que, em tese, faz a cotação cair.

Neste último pregão de 2024, investidores seguiram atentos ao quadro fiscal brasileiro. Dados divulgados hoje pelo pelo BC mostram que as contas do setor público consolidado apresentaram um déficit primário (quando se gasta mais do que arrecada) de R$ 6,6 bilhões em novembro.

Apesar de negativo, o resultado representa uma melhora em relação ao mesmo mês de 2023, quando o déficit foi de R$ 37,3 bilhões. Os números englobam o governo federal, os estados, municípios e as empresas estatais.

Quando observadas apenas as estatais, o déficit acumulado em 2024 até novembro é de R$ 6 bilhões. No mês, o resultado foi negativo em R$ 1,6 bilhão. Empresas grandes e muitas vezes lucrativas para a União, como a Petrobras e o Banco do Brasil, não entram nesse cálculo por terem regras diferenciadas.

Com esses números, a estimativa é que as estatais terão o pior resultado contábil em toda a série histórica, iniciada há 15 anos.

Dólar

O dólar recuou 0,22%, cotado a R$ 6,1797. Na máxima do dia chegou a R$ 6,2422. Veja mais cotações.

Na última sexta-feira (27), a moeda norte-americana fechou em alta de 0,26%, cotado a R$ 6,1932.

Com o resultado, acumulou:

  • ganhos de 2% na semana;
  • alta de 3,21% no mês;
  • avanço de 27,63% no ano.

Ibovespa

Por volta das 17h, o Ibovespa subia 0,11%, aos 120.406 pontos.

Na sexta, o índice encerrou em baixa de 0,67%, aos 120.269 pontos.

Com o resultado, acumulou:

  • queda de 1,50% na semana;
  • perda de 4,30% no mês;
  • recuo de 10,37% no ano.

O que está mexendo com os mercados?

Com os resultados mais recentes das contas públicas brasileiras, o mercado segue repercutindo o quadro fiscal do país. Há duas semanas, o Congresso concluiu a tramitação do pacote de cortes de gastos proposto pelo governo federal.

A ideia inicial era economizar R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos, e um total de R$ 375 bilhões até 2030. Segundo cálculos do Ministério da Fazenda, no entanto, as mudanças feitas pelo Congresso devem ter um impacto de R$ 2,1 bilhões, reduzindo a economia para R$ 69,8 bilhões.

Em café da manhã com jornalistas, no último dia 20, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as mudanças feitas pelos parlamentares não comprometem a conta final feita pelo governo.

“Fala-se em ‘desidratação’, mas havia expectativa de parte dos analistas que poderia haver ‘hidratação’ [aumento da potência dos cortes de gastos]. Os ajustes feitos na redação não afetam o resultado final. Mantém na mesma ordem de grandeza os valores encaminhados pelo Executivo”, afirmou Haddad.

O mercado, porém, contesta os números. Para a XP Investimentos, o potencial de economia fiscal recuou de R$ 52 bilhões para R$ 44 bilhões.

“Apesar da direção correta, vemos o pacote como insuficiente para garantir o atingimento das metas de resultado primário e, principalmente, a manutenção do limite de despesas do arcabouço fiscal nos próximos anos”, diz um relatório da empresa.

O governo precisa reduzir os gastos porque tem uma meta de zerar o déficit público pelos próximos dois anos — ou seja, gastar o mesmo tanto que arrecada em 2024 e 2025. O arcabouço também estipula que o governo deve começar a arrecadar mais do que gasta a partir de 2026, para controlar o endividamento público.

Mas os agentes financeiros já não esperam grande eficácia das medidas para controlar o endividamento público, e declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Fantástico reforçaram a percepção de que o governo não pretende avançar muito na contenção de despesas.

O mercado tinha a expectativa de que o governo mexesse em gastos estruturais nesse pacote de corte de gastos — como a Previdência, benefícios reajustados pelo salário mínimo e os pisos de investimento em saúde e educação. Mas isso não aconteceu.

Segundo os analistas, essas despesas tendem a subir em velocidade acelerada e têm potencial de anular esse esforço do pacote em pouco tempo. O governo, contudo, é avesso às medidas, que mexeriam com políticas públicas e com promessas de campanha do presidente Lula.

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