O Botafogo bateu na trave em um jogo com cenário teoricamente acessível pela terceira vez em um curto intervalo: após empates em casa contra Criciúma e Cuiabá, o clube carioca saiu no 0 a 0 diante do Atlético-MG poupando alguns titulares, com um jogador a menos durante 60 minutos e sem contar com a presença do torcedor na Arena Independência.
O resultado disso tudo? A distância para o Palmeiras na liderança caiu para dois pontos. O mais grave não é isto – o espaço entre os dois já variou até para menos, sendo de um ponto -, mas sim a forma como o Alvinegro chega nessas situações. Vale ressaltar que as equipes vão se enfrentar no dia 26 no Allianz Parque em um duelo que se desenha como uma final.
Foram seis pontos acessíveis deixados para trás. Além da gritante diferença que estes fariam para o Botafogo na tabela, todos eles têm algo em comum: foram perdidos em jogos contra equipes que se focaram na defesa, atuando com vários atletas perto da própria área e majoritariamente dando a bola para o Alvinegro tentar criar o jogo.
A dificuldade de furar retrancas, portanto, não vem desta quarta-feira. Após a expulsão de Rubens, que levou o vermelho aos 40 minutos do primeiro tempo, Milito voltou para o intervalo com Igor Rabello no lugar de Paulinho. A intenção foi aumentar a altura da defesa e dar a bola para o clube carioca.
Deu certo. O repertório foi fraco. O time não conseguiu penetrar a defesa pelo chão e praticamente só tentou atacar a partir de cruzamentos. Foram 49 lançamentos na direção da área ao todo – apenas 13 acertaram um jogador do Botafogo.
É o meu papel também tentar fazer algumas alterações para criar situações diversas e diferentes para encontrar o melhor caminho. Me faltou mais bolas na área. Não fizemos tantas vezes como queria. Tínhamos muita gente na área. Tivemos Tiquinho e Júnior, depois o Igor. Tivemos o Matheus na esquerda, Jeffinho na direita. Muita gente na frente, mas não conseguimos ultrapassar uma barreira compacta que queria defender o ponto que tinham naquele momento – analisou Artur Jorge.
Apesar da declaração do treinador, Jeffinho e Matheus Martins ocuparam, por parte do jogo, a mesma faixa do gramado. Após substituições, Gregore virou lateral-direito e os dupla de atacantes dobrou naquele flanco. Cuiabano virou praticamente um ponta na esquerda tendo o auxílio de Almada mais ao centro.
Não à toa, o time melhorou quando Matheus Martins foi puxado para o lado esquerdo. O camisa 37 deu um chute perigoso na entrada da área e deu bom passe para Bastos, que perdeu gol na pequena área. A equipe perdeu tempo com um posicionamento que não valorizou as características dos atletas que estavam em campo.
O Botafogo é líder, tem vantagem e depende apenas de si para ser campeão. Fato. Mas há claramente uma dificuldade da equipe em atuar contra equipes retraídas dentro de campo – e a impressão é que os rivais já perceberam isto: muitos desses adversários não jogam da mesma forma contra outras equipes da parte de cima da tabela.
A distância na ponta diminuiu. O cenário não é novo. Mas o Alvinegro precisa superar as próprias dificuldades para evitar emoção na busca do título.