Os resultados eleitorais deste domingo (27) trouxeram vários recados com vistas à eleição de 2026.
Se por um lado a esquerda precisa se reconectar com a base, do outro lado deste jogo a direita, que saiu vitoriosa nas urnas, já se organiza e começa a traçar planos para 2026: uma frente ampla de centro-direita competitiva para a eleição presidencial. Mas tem pelo caminho um aliado incômodo: Jair Bolsonaro (PL).
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O ex-presidente foi cabo eleitoral em algumas disputas, mas saiu menor de São Paulo, que reelegeu Ricardo Nunes (MDB) com um protagonismo absoluto para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi ministro de Bolsonaro e aparece como um dos expoentes da centro-direita.
Tarcísio sempre tem o cuidado de falar nos eventos que Bolsonaro é o candidato em 2026 para o Planalto, mas o fato é que o ex-presidente está inelegível e nem os seus aliados acreditam que ele possa recuperas seus direitos políticos. Vou além: eles torcem para que Bolsonaro não possa concorrer – mas não vão admitir publicamente e até negar.
Avaliação dos bastidores é de que a direita possui diversas “direitas” dentro dela e que prevaleceu em 2024 a chamada “direita pragmática”, que deve ser a aposta do campo ideológico para a eleição presidencial em 2026, deixando para a direita radical cargos no Congresso. Pensando em fazer uma frente ampla, a direita quer cooptar partidos que hoje fazem parte do governo Lula, como MDB, PSD e União Brasil.
Para fazer essa convergência, no entanto, Bolsonaro é visto como uma pedra no caminho. O ex-presidente tem peso em algumas regiões, mas o custo da rejeição tem sido visto como um preço muito alto a se pagar.
Mesmo ganhando destaque em São Paulo, onde Bolsonaro foi praticamente escanteado, Tarcísio age com pragmatismo e continua a render homenagens ao ex-presidente. O governador sabe que qualquer aspiração política para disputar a presidência em 2026 depende de uma benção de Bolsonaro.
Sai extremismo, prevalece direita pragmática
No discurso de vitória de Ricardo Nunes, o prefeito eleito de São Paulo deu um recado contra o extremismo, dizendo que a direita moderada saiu vencedora, se referindo – sem citar nomes – não apenas a Boulos como Pablo Marçal (PRTB), candidato que flertou com Jair Bolsonaro no primeiro turno.
“Não é hora de olhar para trás, a hora da diferença passou, vamos governar para todos, porque todos merecem igual respeito por parte de quem governa, aos que acompanharam essa eleição histórica, a democracia deixou uma grande lição, para nós da cidade de São Paulo, o equilíbrio venceu todos os extremismos”, disse Nunes em seu discurso, evidenciando que Bolsonaro está fora.
A frente ampla feita para eleger o governo Lula serve de inspiração para a direita e a disputa pelo centrão começa desde já. Mesmo com ministérios no governo Lula, não se espera fidelidade de alguns partidos e é nisso que a frente ampla da direita aposta agora: que esses partidos desembarquem do governo Lula com perspectiva de poder na frente da centro-direita.