Crise das eólicas entra no radar do governo, que começa a discutir medidas

Crédito: Unsplash

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) irá acompanhar de perto o setor de energia eólico brasileiro, que atravessa sua pior crise desde a expansão do segmento no Brasil. A ideia na pauta é estruturar um grupo de trabalho, que ficará sob o guarda-chuva da Secretaria de Economia Verde da pasta, comandada por Rodrigo Rollemberg, para buscar soluções para o cenário atual.

Uma reunião estava prevista para acontecer na tarde da última sexta-feira (17/5), para dar início aos trabalhos do GT. Novas rodadas de conversas devem ser realizadas, com representantes do segmento de energia eólica, além de eventuais participações de representantes de outras pastas para discutir respostas para destravar a demanda, gargalos em financiamentos e mudanças na regulação via propostas que tramitam no Congresso.

Segunda maior fonte de energia renovável para a matriz elétrica nacional, a fonte cresceu exponencialmente nos últimos anos, sobretudo a partir de 2012, quando parques negociados em 2009 entraram em funcionamento. Além da demanda em leilões para atender o mercado regulado, o ”boom” também se deu pelas negociações no mercado livre de energia, já que indústrias buscaram uma fonte renovável e mais competitiva.

Propostas do setor

Em busca de soluções, o segmento de energia eólica preparou um diagnóstico e uma série de propostas para equacionar o cenário atual, de acordo com a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum. As medidas serão apresentadas e discutidas com o governo.

No curtíssimo prazo, segundo ela, o caminho visto como possível é, por exemplo, a celeridade na regulamentação da prorrogação do prazo para novos projetos entrarem em funcionamento com desconto no uso das redes de transmissão e distribuição, prevista em Medida Provisória. Além disso, o setor vê como necessária a discussão sobre mecanismos de financiamentos, considerados pouco favoráveis para o setor atualmente.

Em paralelo, como ações de curto prazo, a associação defende a aprovação de projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional, como os que regulamentam o mercado de carbono, o marco do hidrogênio verde e o marco das eólicas offshore. Esse último, na avaliação de agentes do setor, poderia ser uma sinalização positiva para a cadeia de produção no Brasil, o que movimentaria a fabricação e daria um aceno aos investidores.

No médio prazo, o segmento vê caminhos que passam pela promoção de investimentos em hidrogênio verde e instalação de data centers, que poderiam impulsionar o mercado de renováveis, e também na criação de um plano de exportação de turbinas para outros países.

A avaliação é que as propostas estão em linha com o discurso do governo e com as oportunidades de o Brasil ser ator central na transição energética. O entendimento é que o assunto vem tendo atenção dentro do governo e que há espaço para discutir respostas à crise.

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