Os cordeiros que atuarão no Carnaval de Salvador de 2024 vão ganhar o mínimo de R$ 80 por dia de trabalho. O valor foi acertado com a Associação de Blocos e Trios, como relatado por Matias Santos, presidente do Sindicato dos Cordeiros (Sindicordas)
A negociação chegou a um ponto comum na reunião realizada na última quarta-feira (10), mas a ata precisa ainda ser homologada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). No encontro, o Sindicordas também obteve a concordância da associação para homologar o seguro de vida dos trabalhadores.
“Levando em conta blocos de samba, afros, de porte menor, a gente estabeleceu o mínimo, que é R$ 80, sabido que alguns podem pagar R$ 90, R$ 100, acima do piso. (…) Pra dar condições aos blocos pequenos, que não têm condição de pagar, fizemos esse acordo pra que a gente não desequilibrasse a economia local”, afirma Matias.
O pleito inicial da categoria era de R$ 150 por dia trabalhado. De acordo com o sindicalista, o valor considera as horas extras, o deslocamento e a própria característica do trabalho braçal, entre outros aspectos. No entanto, o valor não foi aceito pelos blocos.
“Os blocos dizem que a retomada do Carnaval ainda está em crise, aonde o circuito Dodô, da Barra – Ondina, vai ter poucos blocos com cordas circulando. O restante vai ser independente”.
Apesar do valor abaixo do solicitado, Matias afirma que a categoria garantiu outros benefícios. Blocos como Camaleão, Nana Banana, Fissura e Muquiranas se comprometeram com um plano de ação para valorizar os cordeiros em serviço.
Na prática, isso significa o pagamento de mais R$ 50 por dia trabalhado ou a entrega de cestas básicas.
Outros reivindicações
Matias ressalta que o Sindicordas ainda tem reivindicações pendentes com a Prefeitura de Salvador. Eles pedem que a gestão municipal organize um ponto de apoio para os cordeiros nos circuitos da folia.
“Pra que o cordeiro tenha um local pra se vestir, trocar de roupa, um complemento alimentício, porque a gente sabe que um biscoito e duas águas não são suficiente. A gente também provoca a prfeitura no sentido de questionar: pra onde vai a contrapartida social do poder público?”.
O desejo da categoria é incluir os cordeiros no grupo de beneficiários dos recursos atraídos com a festa.
Atualmente, cada cordeiro recebe os equipamentos de segurança, como luva e protetor auricular e tem direito a três garrafas de água gelada, um suco gelado e um pacote biscoito industrializado.