Os resultados de Vasco e Santos ajudaram, mas o Bahia não soube fazer a sua parte, terminou derrotado de virada pelo América-MG, por 3 a 2, e vive um drama para permanecer na Primeira Divisão (confira cenários). No jogo do último domingo, o Tricolor esteve o tempo inteiro vulnerável defensivamente, ficou com um jogador a mais, mas desperdiçou chances e mostrou “cara” de time rebaixado
E não é difícil explicar a “cara” de time rebaixado. Breve resumo só do jogo do último domingo.
- O Bahia foi derrotado pelo lanterna, já rebaixado, cheio de desfalques e que vinha de 15 jogos sem vencer na Série A (vitória sobre o Tricolor foi apenas a 5ª em 37 partidas);
- O Bahia jogou mais de 30 minutos com jogador a mais no segundo tempo;
- Ademir perdeu um gol sem goleiro;
- O Bahia sofreu o terceiro gol no primeiro minuto do segundo tempo, logo após Rogério Ceni mexer no time.
O técnico Rogério Ceni fez apenas uma mudança em relação ao time derrotado pelo São Paulo, na última rodada: saiu o meio-campista Yago Felipe, por causa de suspensão, e entrou o atacante Everaldo. A formação tática seguiu a mesma, o 3-5-2.
O Bahia abriu o primeiro tempo de forma tensa e vulnerável, oferecendo campo ao América-MG e com muita dificuldade para superar a marcação adversária no sistema ofensivo. Apenas do minuto 19 ao 25 o Tricolor se acertou e pressionou até chegar ao gol.
Em escanteio cobrado por Biel e finalizado por Kanu, o Tricolor criou a primeira boa chance. Depois, em um lance usual do time desde a chegada de Ceni, Everaldo deu casquinha de cabeça e deixou Thaciano em condições de invadir a área e chutar na trave
A confirmação dessa intensidade momentânea gerou pênalti de Mateus Henrique, que colocou o braço na bola após domínio de Biel na área. Everaldo bateu bem e converteu a cobrança
Mas o Bahia não aproveitou o bom momento, manteve-se passivo defensivamente e viu Ricardo Silva subir sozinho na pequena área, no meio de Gilberto e Kanu, para deixar tudo igual pouquíssimo tempo depois, após cobrança de escanteio. O goleiro Marcos Felipe também não saiu do gol
E não demorou muito para o América virar o jogo. O sistema defensivo do Tricolor vinha deixando muito espaço entrelinhas, e foi nessa zona que Renato Marques dominou com liberdade e chutou de fora da área para virar a partida.
Na jogada da virada do Coelho, o volante Acevedo aparece na linha de zaga e demora muito para bloquear o espaço e a finalização, que termina na rede de Marcos Felipe
Em mais uma apresentação de rebaixado, o Bahia terminou a etapa inicial mais perto de sofrer o terceiro gol que de empatar o jogo. O time explorou o tempo inteiro a casquinha de Everaldo e Thaciano para criar algum perigo ofensivo, um recurso básico e que não sustenta resultado.
Etapa final de pressão, mas sem resultado
Ademir entrou no lugar do zagueiro Vitor Hugo logo na volta para o segundo tempo, o que fez o Bahia mudar a formação para o 4-3-3. Ao mesmo tempo que a opção fazia a equipe ganhar em força ofensiva, defensivamente, o Tricolor ficava mais exposto.
E não demorou muito tempo para o América-MG aproveitar. Com um minuto da etapa final, Renato Marques aproveitou cruzamento, novamente entre os marcadores Kanu e Gilberto
No desespero, o Bahia seguiu exposto defensivamente, mas o jogo de trocas de ataque contra o América contou com uma boa jogada de Cauly, a única na partida, para Ademir complementar e diminuir o prejuízo depois de driblar o goleiro
Neste momento do jogo, o “tudo ou nada” do Tricolor era um grande risco, mas serviu para Biel aproveitar espaço em contra-ataque, sofrer falta e gerar expulsão de Mateus Henrique.
Com um jogador a mais, o Bahia passou a ter mais espaço para construir jogadas ao redor da área, mas o desespero ainda era um problema. Ademir, inclusive, perdeu chance na pequena área após boa jogada e cruzamento de Acevedo, o que se repetiu até o fim da partida
Minutos depois, Biel e Everaldo exageraram na dose em cruzamentos e desperdiçaram lances. E quando Biel acertou, Ademir perdeu outra chance na pequena área
Falta tudo
Matematicamente, o Bahia tem chance de seguir na Primeira Divisão. Falta futebol para confiar. E, talvez mais que isso, solidez emocional para superar o momento. Algo que o próprio técnico Rogério Ceni citou na entrevista coletiva.
“É muito mais mental do que cansaço. Nos últimos jogos tivemos um intervalo maior, mas acho que está muito relacionado ao mental. Essa situação é muito do lado psicológico. É a única coisa que eu posso explicar. O gol que sofremos no final contra o São Paulo retrata bem isso”, disse.
O capítulo final dessa caminhada só na próxima quarta-feira, diante do Atlético-MG, na Arena Fonte Nova. Para quem desperdiçou tantas oportunidades em momentos que tinha tudo para brilhar, quem sabe não leva a melhor quando entra de azarão?