Uma vila perdida em meio à Serra do Mar abriga menos que uma dezena de famílias em uma área federal situada em Bertioga, a 30 km do Porto de Santos, no litoral de São Paulo. As casas em estilo inglês foram construídas em uma única rua ao redor da Usina Hidrelétrica de Itatinga para acolher trabalhadores e familiares.
Atualmente o espaço, que chegou a acumular fila de espera para moradia, é lar de apenas sete famílias, que precisam enfrentar um longo percurso. Eles precisam pegar transporte de bonde e uma embarcação para ter acesso a serviços básicos de saúde e educação, mas dizem que não trocam essa vida.
Um desses moradores é Felipe Alves de Oliveira. Ele foi o primeiro guarda da Autoridade Portuária de Santos (APS) que ocupou o local, em 2008. “Minha chefia procurava um guarda para colocar em caráter experimental e eu pedi”, explicou . A decisão foi movida pelas histórias que cresceu ouvindo do pai, que morou em uma fazenda próxima e desfrutou da antiga vila.
Apesar de ter deixado o local por alguns anos, quando a equipe de guardas portuários da usina foi desmontada, ele não esqueceu o encanto de viver na vila e retornou assim que uma nova equipe foi estruturada. Hoje, Felipe mora com a esposa e a filha de 7 anos.
Para estudar, a menina precisa descer a serra em um bonde para, então, entrar em uma embarcação e atravessar para Bertioga, onde ela estuda. Já em terra, a criança ainda embarca em uma van escolar para seguir rumo à unidade escolar. Todo o trajeto é acompanhado por um responsável.
Apesar da rotina ser cansativa com horários regrados, Felipe afirma que a filha gosta da vida na vila.
“É tranquilo, a gente tem alguns animais, como arara, papagaio, cães, gato. A gente gosta muito. Sou formado em Biologia, então para mim é morar em um laboratório”, ressaltou o guarda portuário.
Segundo ele, a menina se diverte no parquinho que tem no local. “Uma pena que não tem mais crianças”, enfatizou. Além dela, segundo ele, a vila abriga apenas mais um menino de aproximadamente 4 anos.
A sensação de segurança da família é ameaçada somente por animais peçonhentos, como cobras e aranhas. “Tem que sempre estar atento a esses problemas”. Porém, para casos de emergências médicas, ele diz que um bonde é imediatamente disponibilizado para socorro