O padre Egídio de Carvalho Neto, ex-diretor do Hospital Padre Zé, em João Pessoa (PB), foi preso foi preso na última sexta-feira (17). Segundo as investigações, ele comandava um esquema de desvios de recursos públicos estimados em cerca de R$ 140 milhões.
As investigações levaram a 29 imóveis, com propriedade dele ou de terceiros, na Paraíba, em Pernambuco e em São Paulo. Um dos imóveis, uma cobertura com piscina em João Pessoa, está avaliado em R$ 2,4 milhões.
Entre objetos de arte, roupas de grife e objetos de decoração, os policiais encontraram garrafas de vinho avaliadas em mais de R$ 2 mil cada. Só em 2022, Padre Egídio teria gasto R$ 110 mil com a bebida.
Em uma das propriedades, um canil tinha pelo menos nove cães avaliados em R$ 15 mil cada.
Segundo a polícia, a manutenção do custo de vida do Padre superava R$ 100 mil por mês.
“Ele tratava as contas bancárias tanto do Instituto de São José quanto da Ação Social Diocesano, como se fossem dele”, afirma o promotor de Justiça do Gaeco da Paraíba, Dennys Carneiro. O Instituto é o mantenedor do Hospital.
Padre Egídio dirigiu o instituto e o hospital de 2012 até setembro deste ano. Para os investigadores, a partir de 2013 ele liderou o esquema de desvios de recursos públicos, chamados pelo grupo de “Devoluções”. Padre Egídio ainda fez empréstimos em dois bancos em nome das instituições.
“O dinheiro transitava da forma como ele queria, para onde ele queria. Isso tudo aliado a uma completa e absoluta desorganização documental. O Instituto São José não tem quase nenhum documento patrimonial, de acervo”, completa o promotor.
Segundo o padre George Batista, que substituiu Padre Egídio na direção do Hospital, a arrecadação diminuiu drasticamente.
“Estou mendigando remédio, insumo, alimento, fralda pros doentes”. Mesmo com o contrato com os governos estadual e municipal. Nós temos um contrato com a prefeitura de João Pessoa em torno de R$ 9,3 milhões para a ocupação de 120 leitos do hospital. Nós temos um convênio com o Governo do Estado em torno de R$ 3,5 milhões.” Dinheiro que teria sido desviado por Egídio.
Também foram presas Jannyne Dantas, diretora administrativa do hospital e Amanda Duarte, supervisora da tesouraria do Instituto.
A defesa das duas diz que “apesar da quantidade de documentos recolhidos pela investigação, nenhum elemento prova que elas tenham se beneficiado das verbas do Hospital Padre Zé.”
Padre Egídio está em prisão especial e se manteve em silêncio durante o depoimento. Seu advogado, Sheyner Asfóra, afirma que “ele irá se pronunciar oportunamente e irá explicar e dar a sua versão”.