O anúncio da criação do “novo G8”, grupo informal lançado nesta terça-feira (17), na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), pegou boa parte dos deputados estaduais de surpresa e fez caciques dos principais partidos, tanto da base como da oposição, ficarem com as orelhas em pé com o iminente fortalecimento do líder do PP na AL-BA, deputado Niltinho.
Assim que soube da criação do bloco, a reportagem do BN tentou descobrir o que estaria por trás desta articulação, considerada audaciosa, do grupo que é formado por Rogério Andrade e Mateus Ferreira (MDB), Soane Galvão e Fabíola Mansur (PSB), o próprio Niltinho, Eduardo Salles, Hassan e Antônio Henrique, estes quatro últimos do PP.
De acordo com uma fonte da cúpula do governo, esse movimento “consolida, ainda mais, o nome de Niltinho para presidência da Assembleia, uma vez que, no passado, ele abriu mão de sua candidatura em favor do atual presidente Adolfo Menezes”, explicou, trabalhando com a hipótese de Menezes não tentar o terceiro mandato em 2025.
Muito embora o deputado Niltinho negue quaisquer segundas intenções, a exemplo de pedidos de cargos e mais espaços no governo, é sabido que quem apoia sempre espera ser apoiado e este seria, justamente, o cerne da questão. “Niltinho pode achar que será o sucessor de Adolfo, com apoio não apenas de Adolfo, mas também do governo. Sem dúvidas, esse movimento causou um efeito interno e fez a nossa cabeça borbulhar”, revelou um deputado.
Outro ponto que fundamenta esta tese é o fato dos dois G8, o criado ontem, que ainda não tem líder, e o capitaneado pelo deputado Nelson Leal (PP), “não querem, de jeito nenhum, que a AL-BA seja presidida pelo PT”, disse um outro deputado, dando a entender que ambos os grupos trabalharão para minar a candidatura do líder do governo, Rosemberg Pinto (PT). Vale lembrar que a deputada Ivana Bastos (PSD) também está com a candidatura posta, mas “não tem envergadura e não empolga a base”, afirmou outra fonte.
A reportagem também apurou que a presença do deputado Mateus Ferreira, filho do vice-governador Geraldo Jr. no grupo, foi um recado direto ao governador Jerônimo Rodrigues de que o “novo G8 não vai votar contra ele e nem vai bater de frente”. Eles pretendem ter uma postura contrária ao G8 liderado por Nelson Leal que, conforme publicado com exclusividade pelo BN, pleiteia o comando da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) ou da Secretaria da Administração (Saeb), sob a ameaça de romper com o governo.
“Nós não estamos com essa ‘pegada’ de ir para o enfrentamento, de ter uma postura mais radical como o outro G8. Eles querem várias coisas, nós não estamos pedindo nada. Nós queremos fortalecer o debate nesse momento”, disse um integrante do “novo G8”.