Cientistas israelenses desenvolveram um modelo de embrião humano usando exclusivamente células-tronco – sem óvulo, nem espermatozoide. O estudo foi divulgado nesta quarta-feira (6) na revista “Nature”.
É o mais perto de um embrião humano que os cientistas já conseguiram reproduzir. O resultado foi um modelo de embrião quase perfeito, de 14 dias. Nesse estágio, os órgãos ainda não estão formados. A imagem é de um conglomerado de células.
Para criar um embrião quase perfeito, os cientistas aumentaram o potencial de células-tronco para que pudessem se transformar em qualquer outra célula do corpo humano. Depois, a partir de um processo químico, foram transformadas em quatro tipos diferentes de célula. Cada uma, responsável por formar uma parte do embrião. Depois, 120 dessas células foram colocadas em uma espécie de liquidificador. A mistura formou uma estrutura nova, muito semelhante a um embrião humano, como se fosse uma maquete.
A maquete vai ajudar a entender uma etapa da vida ainda pouco conhecida pela ciência. Os cientistas sabem em detalhes aquilo que aprendemos na escola: que um embrião nasce depois que um óvulo é fecundado por um espermatozoide. Mas muitas das mudanças que acontecem nas primeiras semanas depois desta etapa ainda são desconhecidas. E não é só isso.
Em muitos países, a lei só permite pesquisas com embriões que tenham até 14 dias de existência. E quanto mais próximo de se tornar um feto, mais crescem as implicações éticas e legais para estudos científicos. O doutor Jacob Hanna, do Instituto de Ciência Weizmann, de Israel, e um dos autores da pesquisa, explica:
“Estamos em 2023 e temos absolutamente quase nenhum conhecimento sobre como o ser humano se desenvolve nos estágios iniciais. Entender isso pode nos ensinar sobre quais genes são importantes na formação de órgãos. Isto é relevante porque, em muitos casos, a má formação do feto ocorre nesta fase”, explica Jacob Hanna.
O estudo pode trazer, ainda, novas informações sobre células que podem ser usadas no tratamento de doenças. O doutor Jacob diz que, no futuro, talvez seja possível transplantar células sanguíneas ou do fígado sadias para algum paciente. O cientista deixa claro que o objetivo da pesquisa não é criar bebês em laboratório.
“Uma gestação dura nove meses e precisa de uma série de elementos. O que fizemos foi criar uma estrutura parecida, mas longe de ser idêntica ao embrião humano”, afirma.