O coletor de óleo Alexandre Roberto Ribeiro Mello, de 32 anos, disse que os agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que atiraram contra o seu carro durante uma abordagem na Rodovia Washington Luiz, no sábado (17), foram responsáveis pela morte de sua esposa, Anne Caroline Nascimento Silva. O corpo dela foi enterrado por volta das 16h20 desta segunda-feira.
Segundo Alexandre ele estava parando o carro e já tinha dado sinal com o pisca-alerta após os agentes ordenarem.
“Foi um assassinato. Ele descarregou o fuzil todo no carro. Os furos estão lá, os tiros estão todos no meu carro. (…) Foi execução”, disse Alexandre. “Minha esposa faleceu, ela não volta mais. Eu quero justiça contra ele. Eu vou até o final para ele ter a justiça merecida. Errou tem que pagar, matou tem que ser preso”, completou.
O agente Thiago da Silva de Sá chegou a ser preso no domingo (18), mas foi liberado após passar pela audiência de custódia na Justiça Federal. Ele afirma que o carro não parou na abordagem e que fez oito disparos em direção aos pneus.
Alexandre e familiares de Anne negam. Dizem que o carro parou na abordagem, mas que os agentes federais atiraram.
De acordo com o relato do marido da vítima, os agentes da PRF deram a ordem para que ele parasse o carro, mas como ele estava no meio da pista central da BR-040, ligou o alerta e dirigiu na direção de um ponto mais seguro para encostar o veículo.
Ainda segundo Alexandre, os policiais abriram fogo contra o veículo e acabaram atingindo Anne antes mesmo que o carro pudesse parar.
“Eu escutei ele falar (pedindo para parar), imediatamente eu liguei o pisca-alerta. Eu estava no meio da rodovia, procurei um acostamento. Tanto é que eu parei na agulha e minha esposa já estava baleada”, disse Alexandre.
O marido de Anne contou que os agentes desceram do carro transtornados, quando perceberam que tinham atingido a mulher que estava no banco do carona. Alexandre disse que os policiais afirmaram que a culpa pela morte de Anne era dele.
“Eles desceram e entraram em desespero, todos eles. Eles me culpando como se eu tivesse apertado o gatilho. ‘a culpa é sua, a culpa é sua. Seu mer*’. Falando um monte de coisas, me xingando”, relatou o motorista.
Mulher pediu para não morrer
De acordo com a versão de Alexandre, após perceberem a mulher baleada, os agentes conduziram o carro dele para o hospital. No trajeto, o marido da enfermeira contou que a mulher pediu para não morrer.
“Ela foi baleada e só falou: ‘Amor, tomei um tiro, tomei um tiro’. Eu desci e coloquei a mão nela e senti o sangue. Ai eles mesmos levaram para o hospital. Eles tão nervosos, conduziram meu carro para o hospital. Eles viram a besteira que fizeram”.
“No caminho do hospital ela ainda disse: ‘Amor, não quero morrer, não quero morrer’, contou Alexandre.
Na opinião de Alexandre, o agente responsável pelos disparos deveria ser impedido de ser policial.
“Perdão, quem dá é o lá de cima, mas eu só queria que ele não exercesse mais essa função de policial, porque isso não é pra ele. Ainda mais policial federal”, disse Alexandre.
Durante o velório do corpo de Anne, no Cemitério Memorial do Rio, em Cordovil, na Zona Norte do Rio, houve uma confusão entre parentes de Anne e de Alexandre quando o marido da estudante chegou na capela.
O irmão da estudante queria impedir que o marido de Anne acompanhasse o velório, por culpá-lo pela morte, mas foi contido por outros parentes.