Um produtor rural colocou fogueiras para aquecer o gado em mangueiros na região de Itaquiraí (MS), a 405 km de Campo Grande. A medida foi tomada para proteger os animais do frio intenso que atinge todo Mato Grosso do Sul
O diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Daniel Ingold, explica que o gado é mais adaptável ao clima quente e a queda brusca de temperatura deixa os animais mais expostos. Ingold afirma que o número de animais mortos em Mato Grosso do Sul pode ser maior.
“O que aconteceu agora é uma inversão. Os animais que estão com o corpo quente estiveram expostos a uma temperatura muito baixa. Com umidade elevada, vento e frio, fica mais difícil dos animais resistirem”, explica Ingold.
O diretor-presidente da Iagro comenta que a maior parte das mortes ocorreu em locais com menos oferta de pasto e ausência de abrigos naturais ou até mesmo artificiais. O agravamento da hipotermia no gado também pode estar relacionado ao baixo estado nutricional dos animais e pouca disponibilidade de pastos, como detalha Ingold.
“A hipotermia no gado segue a mesma explicação da hipotermia nos humanos. Os animais ficam expostos a baixas temperaturas e acabam morrendo”, complementa o especialista.
Morte de gado em MS
1.071 cabeças de gado morreram de frio em Mato Grosso do Sul desde quarta-feira (14). A Iagro estima que o prejuízo tenha sido de mais de R$ 3 milhões para os produtores rurais.
As mortes ocorreram principalmente na região da Nhecolândia, no Pantanal sul-mato-grossense. Equipes da Iagro estão percorrendo as propriedades onde há suspeitas de morte por condições climáticas.
Dados do Inmet mostraram que na madrugada desta sexta-feira (16), os termômetros marcaram 11°C em Corumbá, com sensação térmica ainda mais baixa: 9°C .
“Foram as temperaturas registradas mais baixas desse ano. E hoje é possível que ocorram mais mortes”, afirmou Daniel Ingold.
Maior incidência de mortes é no Pantanal
Em Mato Grosso do Sul, a maior concentração de gado morto é na região do Pantanal, conforme mapeamento da Iagro. Dos mais de mil animais mortos, mais de 600 morreram na área do bioma.
Ingold explica que no Pantanal a exposição dos animais ao frio é muito maior, devido o bioma estar em época de cheia, ser uma planície e com poucos abrigos naturais.
“Lá no Pantanal é uma planície, tem pouca defesa para o animal se abrigar do frio. No campão aberto é muito frio. Como o bioma está em cheia, a umidade aumenta e o vento fica cada vez mais frio. Os animais tem poucos abrigos e com este frio acabam morrendo”, complementa.
Mapeamento foi feito para levantar a radiografia das mortes de animais em Mato Grosso do Sul. Ingold disse que equipes da Iagro foram até os pontos com maior concentração de mortes e confirmaram os óbitos por hipotermia.
O especialista faz o alerta: “de jeito nenhum os animais mortes devem ser comercializados. O animal é tem que ser cremado ou enterrado”.