Por Alenilton Malta | De cara com as feras
Quinta-feira 04/05/2023
‘Qual pobre que pode comprar carro popular por R$ 90 mil?’, afirmou presidente durante a primeira reunião do novo Conselhão. Órgão recriado pelo petista tem a missão de auxiliar na elaboração de políticas públicas de desenvolvimento.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quinta-feira (4), os preços atuais dos automóveis e disse que o governo pretende tomar iniciativas para trazer veículos mais baratos ao país, além de garantir melhores condições de pagamento. Veja vídeo acima.
“Qual pobre que pode comprar carro popular por R$ 90 mil? Um carro de R$ 90 mil não é popular. É para classe média”, afirmou ele durante a primeira reunião do novo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, o chamado “Conselhão”.
Recriado pelo petista, o órgão tem a missão de auxiliar na elaboração de políticas públicas de desenvolvimento (leia detalhes mais abaixo). O presidente, no entanto, não deu detalhes sobre o plano para baratear os carros.
No evento, Lula voltou a criticar o Banco Central e o presidente da entidade, Roberto Campos Neto, após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC de manter a taxa básica de juros da economia em 13,75%.
“É engraçado, é muito engraçado o que se pensa neste país. Todo mundo aqui pode falar de tudo, só não pode falar de juros. Todo mundo tem que ter cuidado. Ninguém fala de juros, como se um homem sozinho pudesse saber mais do que a cabeça de 215 milhões de pessoas”, disse.
A taxa de juros é o principal instrumento do Banco Central para coordenar a política monetária do país. Quando os juros sobem, o empréstimo fica mais caro e a economia “esfria”, o que ajuda a controlar a inflação – mas, como consequência, reduz a expansão da renda e do emprego.
‘Conselhão’
Sobre o “Conselhão”, colegiado formado por representantes de diferentes setores da sociedade para a formulação de políticas públicas, Lula disse que o grupo representa a “cara da sociedade brasileira”.
O petista afirmou considerar uma virtude do “Conselhão” reunir pessoas com pensamentos diferentes e que, deste diálogo, surgirão novas ideias para o país.
“Brasil não mais será país do monólogo, autoritarismo, pensamento imposto à força”, disse.
“Aqui não é um espaço para as pessoas virem falar bem do governo. Também não é espaço para só fazer diagnóstico. Aqui é um espaço para vocês ajudarem a governar esse país, como é que vocês querem que as coisas sejam feitas”, afirmou.
Base no Congresso
Lula também afirmou no discurso que espera que o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela organização do “Conselhão”, tenha o mesmo êxito na articulação da base do governo do Congresso.
“Quero reconhecer o trabalho extraordinário do ministro Alexandre Padilha. Eu espero que ele tenha a capacidade de organizar e de articular que ele teve no conselho, dentro do Congresso Nacional. Aí vai facilitar a minha vida”, disse Lula.
A articulação do governo com deputados e senadores tem sido criticada, inclusive pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Na véspera da reunião do “Conselhão”, o governo foi derrotado na Câmara com a aprovação de um projeto para derrubar trechos de dois decretos do presidente Lula que alteraram a regulamentação do marco legal do saneamento básico.
Plano de investimentos
Lula afirmou que, após retornar da Inglaterra, onde participará no fim de semana da coroação do rei Charles III, discutirá com sua equipe o lançamento do novo plano de investimentos em infraestrutura do governo.
O presidente disse que o plano terá investimento direto da União e buscará investimentos de empresários brasileiros e estrangeiros.
A proposta é inspirada no antigo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que na gestão anterior de Lula e da presidente Dilma Rousseff, reuniu executou grandes obras.
Trabalho por aplicativo
Lula também voltou a destacar a necessidade de incluir na legislação direitos trabalhistas a pessoas que trabalham por meio de aplicativos, como entregadores. Para o presidente, “cabe ao Estado garantir seguridade social” a esses trabalhadores.
“Temos de tratá-los como ser humano, temos de tentar fazer bela regulação para que tenha trabalho mais civilizado. Eu chamo de criar novo pacto entre capital e trabalho”, disse.