Travesti é condenada a mais de 60 anos de prisão por envolvimento na chacina de motoristas por aplicativo em Salvador

Crimes aconteceram em dezembro de 2019 e quatro homens da mesma profissão morreram. Julgamento ocorreu nesta quarta (19), no Fórum Ruy Barbosa, e durou mais de 10h.

Por Alenilton Malta | De cara com as feras

Quinta feira 20/04/2023

Sávio Dias, Alisson Damasceno, Daniel da Silva e Genivaldo Félix eram motoristas por app e foram mortos em Salvador — Foto: Arte G1

A travesti Amanda

A travesti Amanda Santos foi condenada a 63 anos e oito meses de prisão por envolvimento na chacina de motoristas por aplicativo no ano de 2019, em Salvador. O júri popular foi comandado pela juíza Andrea Teixeira Lima Sarmento Netto, nesta quarta-feira (19), e durou mais de 10 horas.

O julgamento aconteceu no Segundo Salão do Júri do Fórum Ruy Barbosa, na capital baiana. Amanda é a única acusada viva e estava presa desde então.

Amanda foi julgada pelos homicídios de Alisson Silva Damasceno dos Santos, Daniel Santos da Silva, Genivaldo da Silva Félix, Sávio da Silva Dias, e a tentativa de homicídio de um motorista, no dia 13 de dezembro de 2019, por volta das 4h, na localidade conhecida como “Paz e Vida” , na entrada do bairro Santo Inácio.

Amanda é o nome social da acusada. Inicialmente a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) a identificava pelo nome de registro que ainda é utilizado pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).

  • 👉 O júri começou 8h. A promotora do caso foi Mirella Barros Conceição Brito e a condenada foi defendida pela Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA);
  • 👉 Sete, dos 29 jurados, foram sorteados e participaram do julgamento;
  • 👉 Esposas de três vítimas foram ouvidas pela juíza;
  • 👉 Motorista que sobreviveu e denunciou a chacina também foi ouvido no Fórum;
  • 👉 Depois a juíza chamou Amanda e leu as acusações feitas pelas testemunhas de acusação;
  • 👉 Após ouvir os relatos, a condenada negou todas as acusações, inclusive a de que teria agredido o motorista que sobreviveu.
  • 👉 Amanda disse que tinha uma dívida com Jeferson Palmeira Soares Santos, conhecido como “Jel”: apontado como mandante do crime;
  • 👉 Afirmou também que aceitou se juntar ao grupo, porque acreditava que eles iam “apenas assaltar e não matar” as vítimas;
  • 👉 Disse que chegou a entrar em um carro, com o adolescente, para assaltar o motorista. A vítima teria sido rendida pela dupla, que teria desistido do crime e liberado o homem;
  • 👉 A decisão, de acordo com Amanda, teria provocado a ira do traficante, que brigou com a dupla;
  • 👉 Os dois teriam feito uma nova chamada e assaltado um outro motorista por aplicativo. Após levarem a vítima, que não teve o nome detalhado, para um barraco. A travesti teria visto que outros profissionais da mesma profissão estavam no local, rendidos;
  • 👉 Ela afirmou que deixou o local do assassinato. Disse também que tentou convencer o adolescente, que foi apreendido, a sair de lá, mas ele não quis;
  • 👉 Contou que não atirou nas vítimas e que não sabia que o comparsa adolescente era menor de idade.

Os mortos são:

  • 👉 Sávio da Silva Dias, de 23 anos;
  • 👉 Alisson Silva Damasceno, de 27 anos;
  • 👉 Daniel Santos da Silva, de 31 anos;
  • 👉 Genivaldo da Silva Félix, de 48 anos.

Os envolvidos no crime são:

Crime

Investigações

Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, Amanda disse à polícia que o objetivo do grupo era roubar os veículos das vítimas. Ela ajudou a acionar as vítimas, através dos aplicativos.

O depoimento dela contrariou a versão divulgada pelo então governador Rui Costa, de que os assassinatos teriam sido ordenados por um traficante, após motoristas por app negarem corrida à mãe dela.

“A hipótese de vingança foi descartada. Eles não queriam matar porque um motorista negou socorro a mãe de um deles. O objetivo era roubar dinheiro e os carros”, explicou o delegado Odair Carneiro, responsável pelo caso, na época.

Único sobrevivente

Motorista que sobreviveu a chacina em Salvador revelou trauma e tortura em ação de criminosos — Foto: Reprodução/TV Bahia

Em entrevista exclusiva à TV Bahia, o sobrevivente da chacina contou que não conseguiu dormir após o crime por causa do trauma. Ele também relembrou como foi abordado pelos criminosos, disse que pediu para não ser morto e falou do momento em que foi torturado.

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