famílias de pacientes dizem que donos das unidades fizeram empréstimos em nome dos internos na BA
Unidades foram fechadas em Feira de Santana, por falta de alvará. Mais de 50 pacientes foram achados em situação de vulnerabilidade e três pessoas estavam em condição similar a de escravo.
Por Alenilton Malta | De cara com as feras
Quarta feira 19/04/2023
Pelo menos duas famílias de pessoas que estavam internadas nas clínicas psiquiátricas clandestinas fechadas em Feira de Santana denunciaram os donos das unidades por fazerem empréstimos nos nomes dos pacientes. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) apura as as denúncias.
As clínicas foram fechadas no dia 14 de abril, em uma ação conjunta entre a Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho, Vigilância Sanitária, Polícia Civil e secretarias municipais. Os locais funcionavam sem alvará e não contavam com equipes multidisciplinares para atender os pacientes.
No local, os 57 pacientes foram encontrados em situação de extrema vulnerabilidade. Além disso, dois funcionários e um paciente foram resgatados de trabalho similar ao de escravo no local.
Segundo o familiar de um dos pacientes, que não quis ser identificado, o empréstimo foi feito por um dos responsáveis pelas unidades no ano passado. O valor do empréstimo não foi informado.
“Ele conversou com meu outro irmão e contou que o pastor o levou em um local financeiro, achava que tinha feito um empréstimo. Nós verificamos e realmente há esse empréstimo ativo”, disse.
De acordo com a promotora de Justiça Rocío García Matos, a utilização indevida dos benefícios previdenciários de pessoas com deficiência é considerada crime.
“A situação será devidamente apurada pelo Ministério Público, juntamente coma Polícia Civil, para tomar as medidas cabíveis”, afirmou.
Após o fechamento das unidades, oito pacientes foram internados no Hospital Especializado Lopes Rodrigues; três pessoas acamadas foram encaminhadas para atendimento médico de urgência nas UPAs 24h do Município de Feira de Santana e 31 residentes retornaram ao convívio familiar.
Os demais residentes continuam no local e estão sendo acompanhados por equipes socioassistenciais. Segundo a prefeitura da cidade, eles devem ser encaminhados em breve para outras unidades.